Foi há pouco mais de um ano que a arquiteta Marina Dantas, de 26 anos, redescobriu uma paixão de infância e começou a transformar as paredes de casas e comércios de Rio Branco por meio de seus desenhos. Também conhecido como muralismo ou simplesmente como pinturas artísticas em parede, a técnica manual se destaca pela exclusividade e pela conexão que Marina faz questão de criar entre a arte e o cliente ou o ambiente.
A parede de uma doceria, de um escritório e até de um banheiro. Não há limites para os desenhos e pinturas artísticos desta técnica que virou tendência no mundo da decoração no início de 2020. Na vida de Marina, começou com a arte para o quarto de um bebê, desafio que uma amiga, também arquiteta, lhe lançou.
“Fui na cara e na coragem, fiz o desenho e deu muito certo, foi no início da pandemia. Em março de 2021 fez um ano que eu comecei a trabalhar com isso, começaram a surgir novas oportunidade e trabalhos e me identifiquei muito, acabou sendo uma paixão que se tornou meu ofício”, recorda.
Hoje, Marina já deixou sua arte em mais de 30 residências e pontos comerciais da cidade e seu maior desafio foi pintar uma parede de sete metros de altura. Para além da técnica, ela destaca a parte criativa e a concepção artística como a grande parte do trabalho e o diferencial.
“Peço uma referência de arte ou desenho que a pessoa goste e faço perguntas de gostos pessoais, como cores favoritas, etc… É uma técnica que traz afetividade para o ambiente, uma coisa personalizada, única. Por isso o orçamento também é personalizado de acordo com cada cliente”, explica Marina.
E para ela, essa é a melhor parte do trabalho, a de perceber o retorno final e a identidade que ela ajudou a criar naquele lugar. “A arte é isso, está vinculada tanto com a parte emocional quanto com nosso comportamento, as cores influenciam nosso humor, ações… E quando você pensa num desenho para um ambiente e o poder que ele poder ter de melhorar e transformar o ar daquele lugar, isso me encanta. Poder fazer a conexão com o morador da casa, com a pessoa que vive alí, algo feito para ela”, destaca a artista.
A partir da criação de cada desenho e pelo ambiente onde será feita a pintura, Marina escolhe o melhor material que pode ser tanto canetas do tipo posca quanto tintas comuns de parede. Por serem materiais próprios para a superfície, a durabilidade das pinturas costuma ser longa, dependendo muito dos cuidados de cada pessoa e da exposição da arte (lugar externo ou interno).
Trabalho de infância
No curso de arquitetura, Marina também estudou e desenvolveu técnicas de desenho, mas são desenhos diferentes dos que cria nas paredes. Estes, são mais parecidos com os que ela gostava de fazer na infância, os quais ela só lembrou com o novo ofício, que traz outras perspectivas para quem trabalha com artes.
“Tantas crianças e jovens que gostam de desenhar… Sempre gostei de desenhar desde pequena, mas fui descobrir essa arte recentemente e acredito que deva ter muita gente que vai descobrindo depois. É muito bom saber que tem pessoas que valorizam o trabalho manual e exclusivo, acho que tem que ser cada vez mais incentivado”, comenta Marina.
Outra infância também foi necessária para levar Marina até as pinturas nas paredes, ou melhor, outras infâncias. Pois ela se descobriu mãe de gêmeos logo após se formar, em 2018, e buscou um trabalho que fosse mais fácil conciliar a vida de mãe de primeira viagem. Hoje, ela conta que pretende investir cada vez mais no trabalho e parece que as crianças acabam sempre voltando na sua trajetória e planos de alguma forma.
“Acredito que seja uma tendência que veio para ficar, que cada vez mais as pessoas estão procurando mais esse lado artesanal da pintura e da decoração. Tenho vontade de expandir sim e futuramente até fazer cursos de pintura para crianças. Penso também em criar um atelier e quem sabe passar esse conhecimento para outras pessoas”, sonha a artista.
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