O número de casos de diarréia aumentou 28,1% no Acre, segundo boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre). Os dados são referentes ao período de 03/01/2021 à 11/09/2021, em comparação com o mesmo período do ano anterior, e a elevação no número de casos no Vale do Juruá já afeta cerca de duas mil pessoas. Além do elevado número de casos, a Saúde investiga ainda a morte de duas crianças, sendo uma no dia 1 de setembro no Hospital Geral de Feijó e outra no dia 9 de setembro no Hospital Sansão Gomes, em Tarauacá.
Diante disso, equipes dos governos estadual, federal e municipais se uniram para traçar estratégias de redução e detecção de possíveis causas da doença. Cruzeiro do Sul, Feijó, Tarauacá e Marechal Thaumaturgo são os que apresentaram maior incidência da doença, no período epidemiológico que data entre 11 de Julho a 4 de setembro.
De acordo com o governo do Estado, foi iniciado em parceria com secretarias municipais dessas cidades, investigações para descobrir os motivos causadores da doença, além de realizar análise de amostras de água e abrir unidades de saúde sentinelas para atendimentos à população afetada.
“Diante da situação, pedimos apoio do Ministério da Saúde, que veio nos apresentar propostas de identificação das causas do surto e juntos vamos discutir uma forma de controlar esse mal. A gente sabe que, quando há essa união de esforços entre os poderes, conseguimos êxito nas ações. Estamos avançando na investigação e, além do apoio do Ministério da Saúde, contamos também com CIEVS, e Determinantes Ambientais, para tentar descobrir a causa do surto. Será aplicada uma pesquisa pelos profissionais do EPISUS/MS.”, ponderou Gabriel Mesquita, chefe do Departamento de Vigilância em Saúde.
Entre as estratégias apresentadas pelos técnicos do MS, estão os estudos de caso, que serão realizados em famílias de acometidos pela enfermidade em Cruzeiro do Sul, e têm como objetivo identificar, por meio de questionário, as razões epidemiológicas, ambientais e laboratoriais da doença no município. Em Tarauacá e Feijó as equipes optaram por realizar avaliações nos óbitos acarretados pelo problema e serão realizadas visitas para instruir os gestores de saúde.
A doença
As doenças de transmissão hídrica e alimentar (DTHA) constituem uma síndrome geralmente caracterizada por diarreia, dor abdominal, febre, náuseas ou vômitos. As causas podem ser atribuídas à ingestão de água ou alimentos contaminados por bactérias, vírus, parasitas, toxinas ou produtos químicos. O período de incubação da doença dura, geralmente, de 1 a 7 dias. O tratamento é feito com medidas que visam evitar e tratar a desidratação e o agravamento do paciente.
Orientações à população
A chefe do Núcleo de DTHA da Sesacre, Débora dos Santos Gonçalves, traz orientações sobre os cuidados que a população deve adotar para evitar a contaminação.
“A gente pede que as pessoas tenham bastante cuidado no manejo da qualidade da água, verduras, vegetais e carnes consumidos. Orientamos os banhistas que não bebam água dos balneários, pois na maioria das vezes não temos acesso ao material hídrico desses locais e torna-se inviável realizar investigações. Reforçamos também que os moradores recebam as orientações do agente comunitário de saúde, que procurem usar filtros para tratar a água para consumo humano e para a manipulação de alimentos, e que, por fim, evitem aglomerações nesse período”, orientou.