Em entrevista ao Jornal da Gazeta 93 FM, a médica radiologista Rita Pereira, professora do curso de Medicina da Universidade Federal do Acre (Ufac), desmistificou questões sobre a mamografia e chamou atenção para importância do exame que, segundo ela, aumenta em 90% a chance de cura do câncer de mama, quando diagnosticado precocemente.
O assunto vem à tona em alusão ao Outubro Rosa, designado o mês de intensificação da campanha de prevenção ao câncer de mama e que, de acordo com a médica, surgiu da necessidade da conscientização sobre a doença que mais acomete mulheres em todo o mundo, inclusive no Brasil.
“É preciso conscientizar a população que a prevenção aumenta em 90% a possibilidade de cura devido ao diagnóstico precoce. Ou seja, se diagnosticar antes, a chance de cura existe sim. Então, é fundamental que haja a conscientização e esse conhecimento. E a mamografia é fundamental, uma vez que queremos diagnosticar precocemente o câncer de mama, na fase que a gente chama de incito, que é uma fase muito incipiente. O câncer está de uma forma muito pequena, menor que um centímetro e se manifesta apenas na mamografia nessa fase, com aspecto de microcalcificações.”, explicou ela.
A médica Rita Pereira destacou também que o exame é indicado para mulheres a partir dos 40 anos. “A Febrasbo [Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia] e o Colégio Brasileiro de Radiologia estimulam essas pacientes a já fazerem essa prevenção, anualmente. O Ministério da Saúde, a partir dos 50 anos, estimula bianualmente, mas a gente traz um pouco mais precoce essa campanha porque existem muitas pacientes apresentando câncer de mama antes dessa faixa etária. Então quanto mais precoce o diagnósticos, mais eficaz.”, pontuou.
Para mulheres com menos de 40 anos, a médica ressalta a importância do auto exame. “Também é indicado a ultrassonografia porque somente a partir dessa idade, as mamas vão ficando mais adiposas e isso aumenta a sensibilidade da mamografia. Nas mamas mais jovens, a densidade mamária diminui a sensibilidade, então o custo-benefício não é favorável. A não ser que o mastologista, diante de algum histórico familiar ou apalpação ou suspeição ache necessário.”, detalhou.
Um dos mitos em relação ao exame de mamografia é a radiação. Sobre isso, a médica explica: “A tireoide da paciente é protegida da radiação secundária, mas a radiação da mamografia é baixa e direcionada. Mas, no mundo que a gente vive, estamos sempre expostos à radiação até ao comer uma banana, então, acreditem, que na mamografia a radiação não é maior que isso. A gente faz essa analogia para a paciente entender o custo benefício porque aumenta muito a chance de cura”.
Em relação às queixas de desconforto ou dor, durante a realização do procedimento, a médica acrescenta que tudo depende da técnica a ser aplicada. “Se a mamografia for feita de forma adequada, e geralmente é por uma técnica mulher, para que a paciente se sinta mais à vontade e mais acolhida. A orientação também é que não seja feito perto do período da menstruação porque a mama está mais densa e dolorida, mas, no geral, não vai doer tanto e vai ser menos invasivo. Mas é preciso comprimir para espalhar a glândula porque se não, não dá para identificar o que é glândula e o que é nódulo. Mas se a técnica for feita de forma humanizada, a paciente fica tranquila e relaxada e isso facilita a aquisição da imagem.”, justificou.
Dra. Rita Pereira também alertou que o câncer de mama é um dos mais invasivos e que pode acometer vários órgãos de forma metastática, e que o papel da mamografia não é substituído por outros exames, como a ultrassonografia e vice-versa.
“O melhor exame de todos é a mamografia, mas a gente orienta também o auto exame e porque não existe algo que substitua, mas se complementam.”, acrescentou.
Antes de concluir, a médica tirou mais uma dúvida: “Quem tem implantes mamários não é prejudicado porque se faz manobras que possibilitam o exame, o diagnóstico.”, concluiu, lembrando que a prevenção deve ser uma rotina e não apenas no Outubro Rosa, alerta ela.