O número de mortes por afogamento teve um aumento de 57% de 2020 para 2021, em Rio Branco, de acordo com a Defesa Civil Municipal. De janeiro até novembro do ano passado, houve sete mortes por afogamento na capital, enquanto neste ano foram registrados 11 casos. Entretanto, os números devem ser associados a estatística de que a cada dez casos de afogamento, um termina em morte. O Major Falcão, que apresenta seminários sobre afogamentos, explica que para cada 10 casos existe uma morte.
“Nós tivemos aproximadamente, de acordo com estatísticas, 110 casos de afogamento em Rio Branco, dos quais 11 resultaram em morte. Vale destacar também que 75% das mortes ocorrem em rios e represas, a faixa etária que mais morre é entre 14 e 19 anos e para cada seis mortes, apenas uma é de mulheres”, detalha o Major.
Existem seis tipos de afogamentos que são separados por níveis: os dois primeiros não precisam de atendimento médico; o terceiro e o quarto são mais graves e a vítima precisa de atendimento médico; já os dois últimos são os casos em que ocorre morte. Para evitar acidentes, o Major informa os principais cuidados em lugares com água:
- Evitar bebida alcóolica quando entrar em rios, banhos e piscinas;
- Não entrar em lugares desconhecidos, sem saber a profundidade
- Não subestimar a força das correntezas;
- Evitar entrar na água após refeições pesadas, pois os reflexos diminuem durante a digestão
Major Falcão destaca também que, no geral, as crianças de até sete anos de idade, são vítimas frequentes por afogamento e demandam cuidados redobrado. Primeiramente, ele alerta que as crianças nunca devem ficar desacompanhadas de adultos em lugares com água. Além disso, ele destaca a distância que o adulto deve ficar da criança, de no máximo um metro, e também orienta que os próprios responsáveis é que devem supervisionar os filhos em piscinas ou banhos. “O afogamento em crianças ocorre muito rápido, no piscar dos olhos. Outro caso que deve ser evitado é o de utilizar caixa d’água como piscina e no caso de crianças pequenas, que estão engatinhando, é preciso ter cuidado com baldes e bacias com água pela casa”, alerta.
Com relação a piscinas, a educadora física e professora de natação Patrícia Brasileiro alerta: ” Também é importante verificar a bomba de sucção, se não está ligada, pois há o risco de puxar o cabelo e prender a criança. Além de conferir a profundidade da piscina antes de entrar e ver se não tem eletricidade por perto”, orienta.
Natação como prevenção de acidentes
Em novembro é celebrado o mês da segurança aquática e a natação pode ser uma das alternativas para tal segurança. O pequeno Ryan começou a fazer natação com um ano de idade. A mãe, Claudiane Rodrigues, conta que ela e o marido após verem notícias constantes de casos de afogamento de crianças. “Percebemos que muitas crianças se atraem por água e com nosso filho não foi diferente. Foi então, que decidimos, por prevenção, coloca-lo nas aulas de natação, por segurança”, relata.
Durante os primeiros sete meses de aula os pais de Ryan precisavam entrar na água para fazer as aulas junto com o filho. Hoje, aos três anos de idade, o pequeno faz as aulas sozinho e a mãe garante que ele já sabe o suficiente para não se afogar. “ Ele é apaixonado pelas aulas de natação. E nós ficamos mais seguros e sem medo de deixar ele perto da água”, afirma Claudiane.
Entretanto, mesmo que a criança saiba nadar é preciso cuidado, orientação e acompanhamento de um adulto, é o que alerta a professora de natação Patrícia Brasileiro. Ela dá aula para bebês e crianças há 12 anos e explica que o trabalho é tanto com as crianças quanto com os pais. “A gente trabalha a conscientização nas crianças, de que não pode entrar na piscina sozinha. E nunca um adulto deve deixar uma criança sozinha na piscina, por mais que a criança seja expert na natação”, afirma.
Patrícia explica que no início da natação há três fases a serem vencidas: a primeira é a do medo, a segunda é a de adaptação à água e a terceira é o nado, a sobrevivência. O tempo de aprendizado da natação vai variar para cada criança de acordo com o estágio em que ela chega. “Às vezes a criança já chega com medo de entrar na piscina por conta de algum trauma que sofreu. O processo fica mais lento, mas nunca é tarde. Já tem outras que chegam sem medo, então já começo a trabalhar a adaptação”, explica.
A natação para crianças pode começar aos seis meses de idade, mas não há limite de faixa etária para começar a aprender a nadar. Para a professora, a habilidade pode funcionar como uma forte prevenção e salvação de acidentes. “Se, por exemplo, uma criança caiu na piscina e ninguém viu, ela mesma consegue se deslocar e sair sozinha da água caso tenha uma base”, afirma.
Com relação aos pais, Patrícia destaca que é por eles que a educação começa nas aulas de natação infantil. Ela comenta que para muitos, a água vem associada com a ideia de morte ou acidente.
“Muitos têm medo de a criança mergulhar e se afogar, mesmo no colo deles. É preciso mostrar segurança e coragem para a criança, além de paciência. Alguns trazem as crianças achando que o filho vai aprender a nadar em duas aulas, mas existe todo um processo”, explica.
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