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Poema para a mãe morta 

                Eu quis fazer uma canção de ninar, 

                Para pouco rir e muito chorar. 

                Não era noite e nem era dia 

                E a minha triste musa dormia. 

                Fora dilacerada pelo cansaço 

                Da vida lhe ficou sequer o traço 

                De quem nove décadas viveu. 

Moça faceira de um século anterior, 

Caminhos certos sempre trilhou. 

Viveu a vida bela em plenitude 

Dançou, cantou, brincou e amiúde, 

Foi sempre a moça mais bela, 

Corpo escultural e alma singela, 

Última hora e a beleza não se foi. 

                Para a vida, um legado de solicitude,              

                Bondade, amor e a mais bela atitude, 

                Ao colocar no mundo crias decentes, 

                Frutos dos seus sonhos frequentes. 

                O futuro lhe guardaria tanto encanto 

                Que hoje o poeta em leve pranto 

                Recorda o dia em que a musa partiu. 

 

20 de dezembro de 2015. 

 

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