Ao contrário de muitos acreanos, o ator e produtor Victor Onofre sempre preferiu aproveitar as férias ou dias de folga viajando para o interior do estado, ao ínves de optar pelas praias ou destinos fora do país. E foi a partir dessas vivências, em seringais e comunidades ribeirinhas do Acre, que ele concebeu a ideia do espetáculo “Fiandeiro de Tempos”, que estreia nesta terça-feira, 7, na Usina de Arte João Donato. O espetáculo também terá apresentação nos dias 8, 9, 10 e 11 de dezembro, sempre às 19h30, com entrada gratuita.
Produzida pelo Coletivo Iluminar, com direção de Quilrio Farias, a peça pretende valorizar a memória e o patrimônio imaterial do Acre ao resgatar e enaltecer histórias do povo ribeirinho. O enredo acaba mostrando que existem pessoas que moram às margens do rio, distantes da cidade e que muitas preferem viver isoladas do meio urbano.
A criação e ideia geral de “Fiandeiro de Tempos” surgiu das histórias da infância e de um profundo processo de pesquisa do ator Victor Onofre. Em dezmebro do ano passado ele começou suas vivências passando por seringais e comunidades do Rio Murú no Jordão, Serra do Môa, em Mâncio Lima e pela comunidade do Crôa, em Cruzeiro do Sul.
“Sempre me identifiquei com a vida ribeierinha. Eu tirava meu tempo livre para explorar o meu local e nisso eu me encantava pelas histórias. Eu sempre quis muito ver alguém falando sobre o nosso lugar, sobre as pessoas que moram nesse locais… são muitas histórias A gente presica consumir mais os insumos do nosso estado e a gente tem um potencial turístico incrível no Acre, muitas belezes que ainda nem foram descoberta”, declara o artista.
O despertar para o que hoje se tornou o espetáculo “Fiandeiro de Tempos” ocorreu em 2015, quando Victor viajava a trabalho com a Cia. Garatuja de Artes Cênicas. Foi lá que ele decidiu conversar com um senhor que estava sentado no barranco de um rio. “Ele me contou a história dele e eu pensei ‘Isso vai dar um espetáculo, é uma dramatrugria’. Ele ainda disse uma frase que nunca vou esquecer quando perguntei sobre a cidade. Disse que nasceu e se criou lá, entre Tarauacá e Jordão e que não fazia questão de conhecer a cidade”, relata.
Entretanto, a peça explora não conta a história de um senhor ribeirinho especificamente, mas diferentes histórias repassadas pela oralidade. Trata-se de um monólogo que aborda os modos de vida e causos do homem ribeirinho, de famílias que encontram na floresta tudo que precisam, do alimento à fé.
Com cerca de 50 minutos de duração, a peça é financiado pela Lei Aldir Blanc de Apoio à Cultura, por meio da Fundação Elias Mansour (Fem).
Ficha técnica: Pesquisa e atuação: Victor Onofre/ Direção e Dramaturgia: Quilrio Farias/ Codireção: Dino Lambada/ Texto: Quilrio Farias, Victor Onofre e Dino Lambada/ Colaboradores na dramaturgia: Victor Onofre e Dino Lambada/ Preparador físico: Jhon Gomes/ Direção fotográfica e Designer gráfico: Marcos Antônio/ Direção de Arte: Jaqueline Chagas e Dino Lambada/ Assistente de produção: Hysnaip Moura/ Trilha sonora e criação musical: Marcos Casas e Quilrio Farias/ Iluminação: Luiz Rabicó/ Assessoria de Mídia e Imprensa: Eldérico Silva
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