O secretário de Gestão Administrativa e Tecnologia da Informação (Segati), Jonathan Santiago, concedeu entrevista coletiva no início da tarde desta quarta-feira, 8, na sede da prefeitura de Rio Branco, para falar sobre a greve dos médicos que atuam na capital acreana, e de que forma a gestão municipal está tratando a questão.
“Não temos acordo com nenhuma categoria, estamos negociando com todas as categorias. Com algumas já estamos na segunda rodada de negociações para entender alguns pedidos que foram feitos, que é a reposição inflacionária, comum a todos os sindicatos. Existem pontos específicos em cada categoria”, salientou Santiago.
O gestor comentou que a prefeitura da capital só dará uma respostas, apresentando uma contrapropostas à categoria, em fevereiro de 2022.
“Neste mês de dezembro, vamos trabalhar nas simulações, e também ao longo do mês de janeiro do próximo ano. A partir de fevereiro, que é o retorno do recesso parlamentar, que o município deve apresentar sua mensagem acerca dos planos. Vamos manter o limite de gasto histórico, não vamos para além disso para não comprometer os concursos da educação, saúde e de outras categorias que também reivindicam o reajuste salarial. Os médicos não podem exigir uma resposta imediata sobre as negociações”, disse Jonathan Santiago.
O gestor afirmou, ainda, que o sindicato dos médicos não está cumprindo a determinação judicial de colocar 90% dos profissionais nas unidades de saúde.
“Verificou-se que alguns médicos não estão comparecendo ao serviço, e vários outros que não cumpriram de forma legal o seu compromisso de atender a comunidade. Isto está sendo comunicado ao Tribunal de Justiça para que atenda o nosso pedido de ampliação da multa diária, já que não estão cumprindo a decisão da Justiça. Também queremos que o sindicato informe ao município, com 72 horas de antecedência, onde os 90% estão trabalhando, pois estamos verificando que os médicos estão sendo direcionados aos postos onde tem menos frequência de atendimentos”.
Greve por tempo indeterminado
“Já são trinta dias de paralisação. Ontem [terça-feira, 7], tivemos uma assembleia geral com a categoria, e de forma unanime, todos optaram por paralisar suas atividades por tempo indeterminado. Eu ressalto que não tivemos nenhuma proposta formal por parte da prefeitura durante esse período. Nenhum chamamento para uma conversa, um diálogo, nenhum documento protocolado no sindicato sobre nossas reivindicações. Estamos no aguardo. Queremos oficializar o que já ganhamos no município, ou seja, o salário base mais algumas gratificações. O que pedimos não é aumento, e sim, que essas gratificações sejam incorporadas ao salário dos médicos, que recebem um pouco mais de R$ 7,8 mil”, disse Guilherme Pulici, presidente do Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC).
Segundo o Sindmed, a greve que irá iniciar na segunda-feira, 13, terá adesão de 20% da totalidade dos profissionais que atuam nas unidades básicas. Com a decisão da classe, os profissionais encerraram na terça-feira, 7, a mobilização temporária, de 30 dias, iniciada no dia 8 de novembro. O tempo determinado de movimento paredista foi decidido em outubro, oferecendo um prazo de negociação com os gestores que se recusaram em dialogar com a classe, obrigando os servidores a cruzarem os braços.
As principais cobranças são a reestruturação do Plano de Carreira, Cargo e Remuneração (PCCR), com a incorporação das gratificações que já são pagas junto com o salário base, e a reposição inflacionária do período 2019-2021. Atualmente, a remuneração aos médicos de Rio Branco está fixada em R$ 1,8 mil.
“O Município alega que a incorporação dos penduricalhos geraria um gasto extra de 30% na folha de pagamento de Rio Branco, o que não é verdade. Não estamos pedindo aumento, mas, sim, a incorporação das gratificações que já são pagas há anos. Desde junho, tentamos negociar com o Poder Público, mas até o momento não há nenhuma proposta por parte deles”, disse Guilherme Pulici, presidente do Sindmed-AC, durante coletiva realizada nesta quarta-feira, 8.
Pulici ressaltou ainda que os médicos de Rio Branco estão sobrecarregados e insatisfeitos com as condições impostas pela gestão municipal. “Estamos impressionados com a quantidade de colegas que estão infelizes e dispostos a pedir demissão. A greve é uma solução intermediária para que não houvesse demissão coletiva. Caso acontecesse isso, não conseguiríamos manter nem os 10% nas unidades. Estamos abertos ao diálogo e acredito que chegaremos a um acordo sobre essa questão”.