A Filha Perdida de Elena Ferrante foi adaptado para o cinema. Vocês assistiram? Tenho um carinho enorme por esse texto que li no ano passado. Peguei o livro emprestado da Yanita e até agora não devolvi. Um pouco por esquecimento e um pouco para me manter bem lembradinha da sensação de reconhecimento e desconforto que tive durante a leitura.
Nas minhas redes não se fala de outra coisa. Aquela tentativa de começar comentando as atuações de Olivia Colman e Dakota Johnson, o roteiro e a direção de Maggie Gyllenhaal. Tudo só pra esquentar o que queremos de fato falar sobre esse filme, o que estamos todas sedentas para comentar, se atentar a, repercutir. O filme diz do indizível.
Não vou me alongar sobre as minhas impressões. Pra mim, essa história se faz muito mais interessante quando discutida em rede. Por isso a alegria de ler o livro que foi lido por minha amiga. Devolvo essa semana, juro. São as articulações entre as leituras de cada um, as preciosidades. Agora, enquanto escrevia esse texto, fui procurar o título original em italiano do romance, chama-se La Figlia Oscura. Meu primeiro livro de 2022 foi Poeta Chileno de Alejandro Zambra. Volto pra contar mais sobre ele por aqui. Mas, por agora, digo que o personagem principal cuida de uma gata que se chama Oscuridad. Ali, estão todos também um pouco perdidos como a Leda e a Nina de Ferrante. Há um milhão de associações possíveis entre os dois textos que, a princípio, parecem absolutamente apartados. A maior delas é a riqueza e a complexidade das relações.
Lá no comecinho do livro, Ferrante solta essa: “As coisas mais difíceis de falar são as que nós mesmos não conseguimos entender.” E tudo que é difícil de falar, de entender, pode tornar-se (só se torna) possível, se falado, não é? É tirando da escuridão que se elabora. Bonito demais ver essa experiência quando feita em grupo, em rede.
Este ano, em fevereiro, abro a possibilidade de mais um grupo de mulheres para discutirmos exatamente as relações. Ano passado não consegui agenda para começar um novo. Foi uma peninha, mas agora vai. Dou notícias por aqui quando já tiver uma data definida. Um grupo, como os outros, pequenininho, terreno seguro para acender a luz, encarar nossos indizíveis (nossa oscuridad). Um percurso terapêutico que acompanho com gosto e espanto diante das aberturas que provoca. Quem tiver vontade de fazer parte dele, me dê um alô lá no instagram (@robertadalbuquerque) ou no e-mail [email protected]. As turmas esgotam super rapidinho. Quem quiser só (e não tem nada de só nisso) me contar o que achou do filme também. Bora encontrar (se encontrar, nos encontrar). Boa semana queridos.