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‘Eu não tenho fé’, desabafa mãe de criança com TDAH sem atendimento psicológico

Antônio tem 10 anos de idade e é acompanhado por um mediador na escola. (Foto: Arquivo pessoal)

Há quase dois anos, a dona de casa Luziene Moreira foi chamada na escola do seu filho Antônio, de 10 anos, porque ele furou um colega de sala. Após conseguir encaminhamento médico, a criança foi diagnosticada com Déficit Intelectual (DI) e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Com o diagnóstico da mão, encaminhamento e ciente do tratamento que seu filho precisa, Luziene reclama que não há atendimento na cidade.

“Ele tem que ser acompanhado por cinco terapeutas, mas aqui não tem, só tem psicólogo. Quando eu vou atrás, na Saúde, Assistência Social, eles falam que vão arrumar uma sala adequada para atender esses tipos de criança, só que eles ficam enrolando e não arrumam. Aqui em Manoel Urbano tem muita mãe com criança especial”, afirma a dona de casa.

A secretária municipal de saúde. Francisca Thaumaturgo, disse que fez um projeto e que o atendimento dessas crianças começa a ser agendado nesta quarta-feira,05. “A gente vai começar com uma reunião com os pais e começar o atendimento na próxima semana. Pela Secretaria Municipal de Saúde não tinha esse atendimento das crianças, mas a gente vai começar a fazer. Pedimos das escolas as demanadas das crianças”, afirma a secretária.

De acordo com ela, uma nova psicóloga foi contratada para trabalhar com as vítimas de Covid-19, com trabalhos em grupos e de famílias. Com a dimimnuição dos casos da pandemia, ela será a responsável por atender tais crianças. Com ela, existem três psicólogos atuando na cidade, pela prefeitura.

Mãe solteira, Luziene vive com ajuda do programa Bolsa Família, com Antônio e mais quatro filhos. O primeiro diagnóstico foi dado em junho do ano passado, na Fundação Hospitalar do Acre (Fudhacre), junto com a indicação de acompanhamento médico, medicação controlada e terapias multidisciplinares, como psicoterapia cognitiva comportamental e psicopedagogia.

Mesmo com o encaminhamento, o único atendimento que Antônio recebe, atualmente, é um acompanhamento trimestral, em Rio Branco, o qual ainda exige gastos de transporte. Além disso, a criança também é acompanhada por um cuidador na escola.

“A médica dele pediu para ele ser acompanhado por um psicólogo, disse que é muito importante para ele, eu estou lutando, mas aqui é muito difícil. Já fui no Ministério Público, levei ao pessoal da Assistência Social, falei com o prefeito aqui, fui no CREAS, eles pegaram meu nome, meu número, dizem que vão ligar, só que eles nunca ligam de volta”, desabada a mãe.

Sobre a doença

No laudo médico, consta “encefalopatia crônica não evolutiva”, que deve ter gerado o DI e o TDAH. Vários fatores podem causar tais quadros. Luziene recorda que, quando Antônio tinha dois meses de idade, ele chegou a “desmaiar” em casa e ficou dois dias “em coma” no hospital. Ela não sabe explicar o que houve, mas relata que ele ficou bem e foi liberado.

“Quando ele voltou, eu pensei que não tinha sequela de nada, mas, quando cresceu, ele teve dois acidentes na escola, que foi quando me encaminharam para fazer os exames. Depois disso, tenho mais cuidado com ele, porque ele é o tipo de criança que não pode se exaltar. O problema dele é instantâneo, ele não pode ter raiva, não pode ter muita zoada, que ele começa a se perturbar, ele é muito agitado, a raiva dele é instantânea”, explica a mãe.

Luziene reclama sobre as dificuldades de resposta e apoio nos atendimentos do município. “Está faltando uma psicóloga para atender ele, para melhorar mais. As mães aqui não querem ir atrás dos direitos dos filhos. Eu não tenho fé não do pessoal de Manoel Urbano fazer alguma coisa aqui, porque nunca fizeram”, lamenta.

 

Daniel Scarcello: