Ícone do site Jornal A Gazeta do Acre

O poeta e a princesinha 

           O Acre traz o verde ausente do mar no forte verde presente na floresta, de matas esmeraldinas fartas a produzir esperança e inspiração. Nessas matas caminham rios e igarapés, ora cristalinos, ora barrentos, em um vai e vem que imita a arte, que é gerada nos canais criativos que ligam o pensamento ao sentimento. Que ligam imaginação e razão. E que prendem a mente ao coração. 

            E lá onde dois desses rios se encontram, está Xapuri, a cidade que é o berço do nosso romancista e poeta Cláudio Motta-Porfiro. A Princesinha do Acre é a terra do nosso autor e tem se revelado uma das suas musas, refletida na paixão dos seus textos e na contextualização de muitos dos seus poemas. Através da poesia do nosso autor é possível concluir que as raízes ali nascidas germinaram e espalharam o universo criativo dele para um mundo vasto, com afluentes multifacetados.

            A poética do Cláudio é leve e envolvente, caudalosa e profunda, tramada muitas vezes em linhas de um amor constante, com notas de reflexão e fundo artesanal de construção eloquente, que vem do imponderável ou do divino e permeia o contexto social, até desaguar num olhar longo e envolvente que penetra a beleza feminina. E nisso, muitas são as musas do nosso poeta.

            Cláudio Motta-Porfiro é um eterno apaixonado. Nada é tão exclusivo quanto a mulher, ele diz. As elaborações criativas sobre o belo se desenvolvem de um lado para o outro, como um redemoinho de águas que vai da terra para o além, que beija a mulher e a paisagem, flertando com o fingimento, porque sem fingir não há poesia.

            Sobre o elo entre o céu e a Terra, tal e qual a ligação entre dois rios, ele escreveu que a poesia é a sua ligação com Deus. Se há algo divino no pensamento humano, certamente, está na imaginação e na criação de um poeta. Algo indefinível parece se apossar da maquininha mental e as linhas vão fluindo, assim como um rio desfila suas águas entre as margens, fingindo que passa, mas permanecendo no seio que o acolhe.

Enfim, os leitores desfrutarão, neste livro, da bela poesia deste acreano ilustre, bebendo nas águas da sua criação, tal como ele descreveu: Uma taça de vinho. Uma toalha de linho. Num canto uma rede, eu sozinho. E tudo o mais parece um ninho. A vida em redemoinho. Um talento afinadinho. O cálice, a lua e a embriaguez.

            Desejo sucesso e estou certo de que a poesia nos contagiará.

 

(José Augusto Fontes)

Sair da versão mobile