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Devaneio 

            Hoje em dia, séculos são passados

            Vento, ondas, albatrozes dourados

            Ela e os acordes de soturnos fados

            Rimas, ritmos, versos e poetas alados

            Um dia, provavelmente, ela voltará.

Agora mesmo ela retornou em sonho

Sinos, trombetas, anoitecer medonho

Sons de toada e vago soneto tristonho

No meio de um cochilo bem enfadonho

Amo com toda a suavidade do meu ser.

            Sob o pálido declínio, luz da lua

            Visão noturna: uma mulher nua

            Vislumbrei alma em leveza crua

            Estáticos, no avança, ou no recua

            O mundo todo e não vi ninguém.

Em verdade, a realidade deduz

A musa, certamente, me seduz

Meu anjo ofuscante pleno de luz

Com esses olhos meigos azuis

Tão azuis – azuis da cor do mar.

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