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A dor na própria pele

O racismo manifesta-se com ofensas, preto-macaco, branco-viado, índio-louco, o problema é que a ofensa machuca, o tempo de resposta é absolutamente significativa; antigamente o negro estava sob a sombra da escravidão e numa sociedade escravocrata.
Imperava o silêncio diante de uma ofensa injuriosa, ninguém está preocupado com o que sentimentos, nem com as sensações que se multiplicam ameaçando afogar o negro.
Muitas vezes não há força para reagir, pelo peso de séculos de escravização, pois o regime escravizador faz parte de um sistema que tem a pretensão inclusive de persuadir e até mesmo de justificar o sofrimento.
É difícil para qualquer ser humano ser inferiorizado, humilhado, oprimido e vem a raiva desencadeando o furor que só é compreendido por quem já sentiu na própria pele.
Da raiva os caminhos se bifurcam, pois, a revolta volta-se contra o que está estabelecido, quase não se pode fazer nada, o pouco que é feito não surte efeito satisfatório, a tendência é que o ódio aumente e aí tudo estará perdido. Ou se toma uma atitude para seguir adiante.

O homem que experimenta a verdade percebe a indignação, ela foi apontada pelo ministro Joaquim Barbosa: “Idignado reunimos as forças necessárias para lutar pelo que acreditamos, antes de tudo a ideia que fazemos de nós mesmos não se conforma nem admite que sejamos diminuídos. O racismo atua diminuindo o cidadão e a república democrática pune os crimes de injúria racial, ou o agressor aprende que o racismo gera desigualdade ou terá que responder pela sua inconsequência; na medida em que temos consciência de quem somos, ficamos indignados com a injustiça, compreendemos a significação conceitual da norma jurídica e reconhecemos a luta pelo direito, não é bem a lei que deve ser cumprida quando pensamos o direito constitutivo da personalidade”.

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