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Chef do Acre fatura quase R$ 2 milhões com restaurantes em São Paulo

A acreana Amanda Vasconcelos saiu do Acre para estudar Arquitetura na cidade de São Paulo. Longe de casa, encontrou uma forma de matar as saudades da terra natal: por meio da culinária. Ela começou a cozinhar para si e depois para os amigos, e, partir daí, decidiu fazer negócios utilizando suas habilidades. Atualmente, com 32 anos, Amanda é chef de cozinha e idealizadora do restaurante Casa Tucupi e do bar Sobrado Tucupi. Os dois negócios faturaram R$ 1,75 milhão, em 2022.

Amanda conta que começou a se profissionalizar no ramo quando era produtora de eventos. Ela era ousada, gostava de misturar comidas típicas acreanas com receitas internacionais. Chegou a vender mais de 400 pratos. As iguarias atraíam as pessoas pela curiosidade.

A jovem abandonou a graduação em Arquitetura ao perceber que estava “fazendo” mais dinheiro como organizadora de eventos do que com estágios da área. E admite que se inseriu no mercado gastronômico por acaso. “Eu tinha pensado em ser tudo, médica, veterinária, estilista, jornalista… Menos cozinheira”, afirmou, em entrevista ao PodSonhar, podcast dedicado ao empreendedorismo jovem brasileiro. O programa é apresentado por Miguel Carvalho.

Ela lembra que quem a ajudava a entender as receitas tradicionais da sua terra natal eram as mulheres de sua família, especialmente a mãe e avó. A princípio, o pai de Amanda enviava os ingredientes para ela, embalados em isopor. A logística, inclusive, era um dos maiores desafios para a cozinheira, quando começou a empresa. Não era fácil trazer produtos, que só eram encontrados no Acre, para São Paulo.

 

Amanda conta que muitos clientes se interessam em comprar os materiais. E, por isso, ela diz que, às vezes, atua como mediadora e revendedora de algumas das entregas de seus fornecedores.

Os empreendimentos da acreana contam, atualmente, com 12 funcionários, e oferecem uma diversidade de pratos. O mais famoso é o sorvete acompanhado de formigas saúvas. A combinação viralizou nas redes sociais, principalmente no Tik Tok, e atraiu curiosos de todo o Brasil.

“Fazia tempo que eu queria usar uma receita com formiga, porque eu acho muito legal”, afirmou Vasconcelos.

A inspiração para a iguaria veio da cultura dos povos originários no Acre. As pessoas na capital Rio Branco não costumam comer formigas, somente no interior do Estado. Apesar de não ter descendência indígena, a chef afirma que o objetivo dos restaurantes é, justamente, espalhar a vivência de suas origens para o máximo de pessoas possível. “O Acre existe” é o lema dos estabelecimentos, relata ela.

A vontade de popularizar o Acre vem também de vários episódios preconceituosos vivenciados pela chef de cozinha. Na época da faculdade, ela conta ter sido vítima de comentários maldosos ou ignorantes, como alguns que questionavam até o idioma falado no Estado. “Esse pessoal de São Paulo é meio devagar, né? Porque não sabe nem que no Acre a gente falava português!”, lembra ela, com bom humor.

Apesar disso, a empreendedora afirma que nunca perdeu a essência de sua terra natal. “Não sei o que eu seria se eu não fosse acreana”, disse.

A empresária lembra que ainda teve que enfrentar outro preconceito estrutural em sua jornada no mundo de negócios: o machismo. Ela avalia que sempre será vista de maneira diferente no mercado por ser mulher. Por isso, teve que se impor.

“Eles [os machistas] querem nos ver na cozinha, mas eles não querem nos ver sendo chef da nossa cozinha. Eles não querem nos ver sendo donas dos nossos negócios”, diz. Para Amanda, as mulheres ainda têm mais dificuldade de serem contratadas, por outras questões, como a possibilidade de engravidarem e terem que pedir licença maternidade.

As empresas enxergam esse movimento como um “gasto desnecessário”, analisou. E, para combater pensamentos do tipo, ela diz que prioriza funcionárias femininas em seus processos seletivos e incentiva os colegas a fazerem o mesmo.

“Eu sempre falo: ‘gente, quando puder escolher mulher, vamos escolher mulher”.

SHARK TANK

Toda a história do Sobrado Tucupi e da Casa Tucupi levou a idealizadora dos restaurantes a participar do reality show Shark Tank, no qual empreendedores tentam captar investimentos, com grandes nomes do mundo de negócios do país. Amanda Vasconcelos não conseguiu nenhum patrocínio, porém disse ter recebido dicas valiosas. Segundo ela, a conversa com os empresários durou cerca de duas horas. Mas, a versão que foi ao ar durou cerca de 10 minutos. Nas avaliação dela, ela foi “massacrada” pela edição de vídeo do programa.

“Eu fui muito elogiada por eles, mas nada disso foi para o ar […]. Como eu não consegui investimento, eles pensaram ‘vamos colocar a parte em que ela foi detonada'”, analisa.

A jovem empreendedora admite não ter se preparado para algumas perguntas mais técnicas sobre faturamento e questões de lucro. E conta que, nos bastidores, outras pessoas levaram o Shark Tank mais a sério. Levaram até advogados.  “Eu aceitei o convite de participar e não sabia onde estava me metendo”. De toda forma, ela agradece a exposição que ganhou na mídia.

CRÉDITO – Poder 360

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