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Afeto no comando

Duque de Caxias emerge no imaginário da pessoa que faz tudo certinho, as más línguas o detratam e chegam a confundi-lo com um idiota, alguém que cumpre ordens e não questiona o entendimento, incapaz de fazer juízo de valor. Sempre neutro, podem as medidas tomadas acarretarem tragédias que as autoridades terão a sua obediência.
Caxias conquistou um lugar especial na memória do povo brasileiro e figura nas Forças Armadas como um herói da pátria, não porque ganhou a guerra do Paraguai, sua glória alcançou as alturas da vitória sobre a animalização e escreveu a história no sentido da racionalização, dos instintos ameaçadores compreendemos o afeto que comanda.

Penso que a ideia do general Caxias concentra na disciplina entendida como um princípio racionalmente potencializador, ao invés de tolher os instintos pela ascese ou de submetê-los pela escravidão voltamos os olhos para o trabalho que disciplina os instintos; sem se iludir quanto ao fato ascético e escravista do trabalho que fica reduzido pela exploração para tirar o que pode tirar e termina matando a flor da vida, a disciplina do afeto desafia os instintos para alcançar a compreensão, mais que tira o melhor que temos, que é a força dominada para gerar mais força.

Os soldados, que se formam na base da disciplina e dominam os instintos para criar o afeto, não agem cegamente por uma causa que desconhecem, eles lutam inspirados na liberdade que dá ao conceito de pátria o sentido de um corpo que se move cheio de alma, ciente de seu dever no mundo.

São soldados que dão o sangue pelo elevado direito ao futuro, compreendido como um tempo que se mistura à história, esta senhora que guarda o poder em seus olhos, convictos quanto ao dever e conscientes do valor da verdade.

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