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PNLD e cartilha digital na educação brasileira

O PNLD é o programa do estado brasileiro que garante a compra de livros didáticos para todos os estudantes da escola pública. Mas como que o governo decide quais livros comprar?
Pois bem, os conjuntos de livros didáticos são produzidos por diversas editoras de todo país. Editoras são empresas privadas, é bom lembrar. As editoras que querem ter seus livros comprados pelo governo se inscrevem em uma avaliação, a famosa avaliação do PNLD.
Depois disso, o governo federal encaminha os exemplares desses livros das editoras para as universidades (comissões formadas por especialistas). Mas são professores universitários quem escolhe os livros que serão utilizados nas escolas?
Nada disso, esses professores/pesquisadores das universidades leem minuciosamente cada livro e fazem uma avaliação, um resumo apontando os pontos fortes e fracos de cada livro, qual o tipo de abordagem etc.
Os livros serão vetados apenas se não cumprirem requisitos básicos, do tipo ensinar algo cientificamente incorreto ou as imagens não representarem a diversidade racial brasileira e questões do tipo. No mais, os livros aprovados são muito diversos “ideologicamente”. Uns mais “progressista”, que instiga o pensamento crítico, e outros mais “conservadores”, mais na base do conteúdo seguido de exercícios, bem tradicional.

O MEC aprova materiais muito diferentes, já que as professoras de uma escola do interior do Pará, por exemplo, podem se identificar mais com uma coleção de livros e as de uma escola da periferia de São Paulo com outro.
Um livro pode fazer muito sentido em uma realidade e em outra não. Pois essas avaliações vão para as escolas (muitas editoras mandam também seus livros) e pôr fim a professora que vai de fato utilizar o livro é quem vai decidir, junto com os demais docentes de sua escola, qual livros/coleções querem adotar.

Em disciplinas como português e história isso pode ser visto com muita evidência. As propostas ditas “progressistas” são preteridas.
É mais difícil utilizar um livro que passa informações, mas também levanta questionamentos.
Livros com propostas de debates e de trabalhos mais criativos exigem muito dos professores e grande parte sente que não tem formação suficiente para utilizá-los. É uma escolha que deve ser respeitada.

Alheio, ou ignorando de propósito o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas produziu uma apostila digital (que nunca passou por avaliação de especialistas e nem dos professores que estão na sala de aula). Só que o governo federal não bota a mão nos livros didáticos do PNLD. As editoras produzem como querem. Os doutores das universidades avaliam com seus critérios. E os professores das escolas escolhem o que preferem. O governo faz uma coisa apenas: pagar.
A escolha dos livros que chegam às escolas é pulverizada entre grandes pesquisadores de diversas áreas, empresários e profissionais da indústria do livro, e professores de norte a sul do país.
As famílias e os professores já estão começando a ter contato com essas informações e expondo a qualidade deplorável dos materiais distribuídos pela secretaria de educação do Estado de São Paulo. É preciso entender também que a questão não é somente Impressos X Digital.

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