Um plantão pesado, de notícias tristes e muitas mortes. Quem tá nas redações, não se alegra em ter que noticiar tanto sangue! Como não sentir o desencarne de 12 pessoas, a partida precoce de um bebê, a dor das famílias que, de longe, recorrem aos sites para se informar sobre o desastre aéreo deste domingo, 29?
É impossível não sentir! Eu sinto e senti. O peito dói. O choro ainda tá entalado. Mas, o jornalismo não espera a emoção “sentar” para acontecer, apenas segue o fluxo. Pois do outro lado, as pessoas estão sedentas por notícias e quanto mais mórbidas, mais acessos. Infelizmente!
Essa é a lógica! O sistema não abre espaço para utopias. Ele é cruel. Não pensem vocês que nós ou a maioria de nós, profissionais da imprensa nas redações, gostamos de ser mórbidos, somos o reflexo da sociedade. É triste, mas é real! As redações seguem o fluxo. Agências, governos e financiadores querem acessos, tudo gira em torno disso. A “necessidade” do like também chegou por aqui.
Não foi o jornalista que criou essa lógica. O vilão é antigo e atende pelo nome de capitalismo, sociedade do consumo. Conhece? É preciso leitura, estudo e, acima de tudo, empatia, com o lugar que o outro ocupa. É preciso reconhecer privilégios, antes de fazer a crítica ácida. Especialmente se não for o seu lugar de fala [indico a leitura sobre o assunto também].
Mais empatia com o próximo é o que precisamos.
Hoje meu peito dói. Neste domingo chuvoso recorri à capa da “Mulher Maravilha” para fazer o meu trabalho. E olha que eu não estive no local do acidente. Imagina como não está o peito de quem esteve! Já parou para pensar?
Aos colegas de redação, que também vivenciaram esse plantão de domingo chuvoso e triste, meus mais sinceros parabéns. Heróis também usam caneta, bloquinho, câmera e microfone.
Maria Meirelles é comunicadora, umbandista e editora da GAZETA DO ACRE*