Há exatos 62 anos, os acreanos do então território federal conquistaram o sonho da autonomia. Após décadas de governos nomeados de cima para baixo pelos presidentes da República, a população do agora estado do Acre podia, finalmente, eleger seus governadores, ter sua própria constituição estadual e elaborar suas leis.
No entanto, a democracia plena garantida aos acreanos pela Lei 4.070, de 1962, durou pouco menos de dois anos. Isso porque o primeiro governador eleito pelo voto popular, o cruzeirense José Augusto de Araújo (PTB), foi forçado a renunciar em maio de 1964, após o golpe militar que depôs o presidente João Gourlat.
José Augusto tomou posse em março de 1963, após vencer nas urnas José Guiomard dos Santos (PSD), principal líder do movimento autonomista e autor da lei que transformou o Acre em estado.
O mandato do primeiro governo eleito democraticamente foi interrompido após muita pressão política. Na época, um coronel do Exército cercou o Palácio Rio Branco para obrigar o governador a assinar a carta de renúncia. Em um de seus conteúdos no YouTube, o historiador Marcos Vinicius Neves detalha o episódio:
“José Augusto queria resistir, mas ele só tinha a guarda territorial mal armada para lutar contra o Exército brasileiro. E o bispo Dom Giocondo pediu para ele não fazer isso porque ia morrer muita gente. E o governador, que assinava o nome por extenso, dessa vez assinou ‘J.A.’, como quem diz ‘eu assino, mas não sou eu”.
“No dia seguinte, com as tropas cercando a Assembleia Legislativa, fizeram uma sessão em que os deputados estaduais, eleitos no Acre há um ano e pouco, aceitaram a renúncia de José Augusto”, continua o historiador.
Com isso, o Acre voltou a ter governadores nomeados. Só que, desta vez, pela ditadura militar, regime que cerceou liberdades em todo o Brasil e foi responsável pela morte, desaparecimento e tortura de centenas de pessoas que lutavam pela volta do regime democrático – o que só veio a acontecer em 1985.
No entanto, antes de a ditadura militar cair por completo, ela permitiu, em 1982, eleições estaduais, ocasião em que Nabor Júnior, do então PMDB, foi eleito o segundo governador da história do Acre por voto popular.
José Augusto, o primeiro, morreu em 1971, de problemas do coração. Em 2014, cinco décadas após a cassação de seu mandato na Aleac, o parlamento acreano anulou a decisão tomada à época, em um gesto que, simbolicamente, devolve ao povo do Acre aquilo que lhe é de direito: as rédeas de seu próprio destino.
Neste sábado, 15 de junho, o Acre celebra 62 anos de elevação do território à categoria de estado. Para comemorar a data, o governo do Estado vai promover, a partir das 16h, no Calçadão da Gameleira, em Rio Branco, uma solenidade aberta ao público, com a presença de várias autoridades. Confira abaixo a programação completa.
Programação
16h00 – Início da Solenidade
- Troca e hasteamento da bandeira acreana no Calçadão da Gameleira.
- Receptivo das autoridades no Cine Teatro Recreio.
- Honras militares conduzidas pela Polícia Militar do Estado do Acre (PMAC) e pelo Corpo de Bombeiros Militar do Acre (CBMAC).
16h30 – Abertura Oficial
- Execução do Hino Nacional Brasileiro.
- Leitura de texto alusivo ao Acre, realizada por uma aluna do Colégio Militar.
- Substituição da Bandeira ao som do Hino Acreano.
- Exibição de um vídeo comemorativo produzido pela Secretaria de Comunicação (Secom).
Solenidade de Condecoração da Ordem da Estrela
- Leitura do Decreto N° 24 de 26 de fevereiro de 1976.
- Entrega das condecorações e insígnias.
- Leitura dos currículos dos agraciados.
- Assinatura do Livro de Investidura e fotos oficiais.
- Pronunciamentos de representantes do Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), Assembleia Legislativa, prefeito de Rio Branco, e do governador.