A expulsão ou despejo dessas oitenta famílias do Ramal Castanheira, na periferia da Capital, só vem confirmar que o déficit habitacional é ainda um problema social e pode se agravar nos próximos anos.
Alguém poderia argumentar que há pessoas mal intencionadas, que fazem dessas invasões um negócio. Contudo, não se pode generalizar, achando que oitenta famílias sem terra formam um bando de inescrupulosos.
Do ponto de vista legal, com base na documentação apresentada, o juiz fez o que determina a legislação, concedendo a reintegração de posse. Isso, entretanto, não resolve a questão.
O que é preciso considerar é que se trata de um problema social e que poderá ser agravado nos próximos anos com um novo êxodo rural provocado pela valorização das terras, pela vinda espontânea ou não de brasileiros-acreanos que vivem na faixa de fronteira do lado da Bolívia. Aliás, algumas dessas famílias já teriam vindo de lá.
Não se ignora também que os governos federal e estadual retomaram a construção de casas populares, mas não serão ainda suficientes para atender essa demanda reprimida de muitos anos, para atender, sobretudo, famí-lias de baixa renda ou renda nenhuma. Daí a gravidade do problema.