Um sistema de segurança para garantir que não aconteçam novos apagões como o ocorrido no último dia 10 de novembro em 18 Estados custaria R$ 600 milhões mensalmente, segundo Hermes Chipp, diretor-geral do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). O diretor fez as afirmações nesta quinta-feira (26) no Senado Federal, onde participa de audiência pública das comissões de Assuntos Econômicos e Infraestrutura.
Um sistema para garantir o fornecimento no caso de uma pane na usina de Itaipu teria de gerar 4.000 megawatts de energia com usinas térmicas. Essa quantidade é equivalente a que chega na subestação de Tijuco Preto (Mogi das Cruzes, SP), uma das atingidas durante o apagão. Para o diretor do ONS, o sistema é inviável economicamente.
“Imagine o que é gerar R$ 600 milhões de custo para prover um sistema de segurança de uma situação que nunca aconteceu. Isso é antieconômico”, disse o diretor. “Para evitar essa contingência de probabilidade remotíssima, não se espera que você gere um custo desses.”
Chipp afirmou que para implantar esse sistema o custo seria repassado ao consumidor, que pagaria uma tarifa muito cara.
Para Luiz Pinguelli Rosa, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-presidente da Eletrobrás, que também está presente na audiência, a tarifa brasileira já é muito cara. Segundo Pinguelli, o consumidor brasileiro paga mais do que o japonês para ter energia em sua casa.
“Eu acho que essa tarifa é cara. O papel [do governo] era reduzir a tarifa e dar mais consistência ao sistema”, disse.
Apesar de afirmar que um sistema para impedir um novo apagão não é viável, Chipp disse que não ficou satisfeito com o tempo de recomposição das linhas e deve trabalhar para aprimorar esse sistema. Foram mais de quatro horas para que a energia elétrica fosse restabelecida completamente no país.
A audiência pública sobre o apagão foi esvaziada. Com a presença de sete senadores no início da sessão, somente três deles, todos da base governista, estavam presentes duas horas depois.
Convidado para a audiência, o ministro Edison Lobão (Minas e Energia) não compareceu pois está em viagem a Suécia, onde visita projetos de energia renovável. Está presente o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmerman. (UOL)