A Prefeitura de Rio Branco inaugurou ontem à tarde, 18, no parque Capitão Ciríaco, a capela Nossa Senhora da Seringueira. Padroeira de Plácido de Castro e de seus companheiros de combate, a imagem resgata a devoção e a fé dos acreanos.
Originalmente construída na cidade cinematográfica de Porto Acre para as gravações da minissérie Amazônia: de Galvez a Chico Mendes, em 2006, a igreja foi totalmente remontada para guardar a histórica representação de Nossa Senhora da Seringueira.
A construção faz parte da programação do aniversário de 127 da cidade, que começou dia 12 com o show “Cantos da cidade” e diversas atividades no bairro Aeroporto Velho. As comemorações se estendem até o dia 28 de dezembro.
“Esta imagem esteve por 45 anos sob a tutela da irmã Cláudia, que cuidou com muito carinho de Nossa Senhora da Seringueira. Resgatar a nossa história, a nossa cultura, a nossa fé; é o que nos faz verdadeiramente acreanos, é o nosso modo de agir coletivamente”, destacou o prefeito Raimundo Angelim.
A solenidade contou com a participação do presidente da Fundação Municipal de Cultura Garibaldi Brasil, Marcos Vinícius; do bispo Dom Joaquín Pertiñez; secretários municipais e estaduais; padres, irmãs e representantes da comunidade.
Nossa Senhora da Seringueira
Nossa Senhora da Conceição, desde o início de Rio Branco, é considerada por seus moradores como a padroeira dos acreanos. O Acre havia acabado de se tornar Território Federal e a Vila Rio Branco sede do governo do Alto Acre, quando os moradores da cidade se reuniram para construir a primeira igreja: a capela Nossa Senhora da Conceição. A data exata de sua construção ainda é um mistério, mas a fé do povo acreano pela mãe de Jesus sempre foi uma certeza.
Ela não está presente apenas na religião católica. Também podem ser encontrados devotos a Nossa Senhora nas culturas ayahuasqueiras e afrobrasileiras. Na Amazônia, ela é também bastante como Rainha da Floresta. Umas das denominações mais emblemáticas é a de Nossa Senhora da Seringueira.
Conhecida assim através de um quadro, pintado por um índio boli-viano, a história da imagem da padroeira remete a época da Revolução Acreana. O quadro mostrava a imagem de Nossa Senhora segurando entre as mãos um ramo de seringueira. Na história de como o quadro saiu das mãos de nossos patrí-cios e foi se tornar uma das protetoras dos acreanos, ainda existe muitas divergências e mistérios.
Uma das histórias é que os bolivianos, para enganar os brasileiros de Plácido, fizeram uma procissão com o quadro, perto da Gameleira. Mas na realidade tratava-se de uma emboscada onde, de surpresa, iriam atirar por detrás da imagem. Plácido, porém, não acreditou na súbita religiosidade dos adversários e pedindo perdão à Mãe de Jesus mandou bala, atingindo a tela. Até hoje pode se verificar essas marcas, olhando a pintura.
Mas existe outra versão, que tem como data o dia de Nossa Senhora da Conceição: 8 de dezembro. Mas essa batalha não teria acontecido na Gameleira, e sim em Costa Rica, onde o exército acreano atacou os bolivianos, onde, dizem, o quadro teria sido aprisionado.
Não foram encontrados, até agora, documentos que comprovem nenhuma das duas versões. As histórias não estão escritas em papéis, mas permeiam a memória e o imaginário de um povo devoto.