Depois da tempestade a bonança. A mesma Casa Parlamentar, através da CPI da Pedofilia, que ventilou o nome do poeta, Mauro Modesto, como possível pedófilo fez ontem uma sessão para inocentá-lo. Diversos deputados ocuparam a tribuna para se manifestarem. Donald Fernandes (PSDB), um dos que queriam os depoimentos para a CPI sigilosos, afirmou: “O que a advogada Joana D´Arc fez antes de lançar luz sobre os casos de pedofilia no Acre encheu algumas vidas de sombras”, salientou.
Também os deputados Walter Prado (PDT), Hélder Paiva (PR), Luiz Calixto (PSL) e Moisés Diniz (PCdoB) se manifestaram a favor do escritor. Já o presidente da Aleac, deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), destacou que a sessão de desagravo ao poeta foi um primeiro passo. “É um gesto inicial para recompor a história e a identidade de uma pessoa que levou um tiro nas costas. Quando alguém leva um tiro nas costas dificilmente se recupera, mas fizemos a sessão no sentido de reconstruir a imagem do Mauro num processo lento e gradual. Espero que o tempo não seja demorado para a auto-estima, o amor próprio para ele continuar escrevendo poesias. Outras atitudes deveriam se somar a essa por aqueles que colaboraram para que essa injustiça fosse cometida”, comentou.
Quanto a possíveis medidas legais contra os depoimentos caluniosos o presidente avaliou: “As medidas por falso testemunho na CPI vão depender de uma análise jurídica porque a CPI tem autonomia nas suas deliberações. O relatório final certamente fará referências a esse episódio e também às medidas institucionais que a CPI irá tomar”, alegou.
Retrato humano sob efeito da injustiça
Durante 15 minutos o escritor Mauro Modesto ocupou a tribuna para o seu desabafo. Leu um texto que retrata o drama que viveu desde que foi acusado de pedofilia. “Todos nós sabemos o tamanho da dor, da angústia, do sofrimento físico e mental que a violência é capaz de provocar. Hoje eu sei o dano moral que a violência, a mentira, o falso testemunho produzem num cidadão. Estou triste e decepcionado. Mataram muito de mim. Por muito pouco não tiraram a vida desse poeta”, lamentou.
O poeta questionou ainda os crimes que foram cometidos contra a sua honra. “Essa maldade a mim dirigida foi um namoro com a perversidade, com a malícia, com a crueldade. A mentira que praticaram contra um construtor de versos foi um flerte com a des-lealdade, com a imoralidade. Esse episódio foi uma ação contra a decência, ao cidadão, a honra, ao homem e ao pai de família”, afirmou.
Aos jornalistas, Mauro Modesto, garantiu que irá tomar medidas judiciais contra as acusações feitas contra ele na CPI. “Eu falei de ética e quem é ético não pratica esse tipo de violência e crueldade. A ética me obriga a fazer isso”, garantiu. “O prejuízo é grande, moral, psicológico, espiritual. Estou satisfeito com essa Casa. Mas o que passei ainda está sendo doloroso. Me emociono, mas não saio daqui vitorioso. Entrei inocente, permaneci inocente e saio inocente. Não me sinto vitorioso porque quando você trata com a covardia e a crueldade é muito difícil. Espero que vocês da imprensa me ajudem nesse caminho que tem sido muito sofrido”, destacou.
O escritor lamentou ainda que o seu nome continue a integrar listas de pedófilos. “Meu nome até ontem continuava nas redes de pedofilia nacional e internacional. Tenho recebido solidariedade da França e Portugal e eles viram tudo isso pela rede de pedofilia internacional. Prova que meu nome continua na rede internacional de pedofilia. Espero que agora seja retirado”, finalizou.