A Associação das Vítimas de Trânsito do Acre, idealizada pelo massoterapeuta e apicultor Roberto Santi, após o acidente trágico com sua filha, a bióloga Giuliana Santi, na BR-364, sentido Rio Branco/Manuel Urbano, está realmente com tudo pronto para sair do papel. A 1ª reunião da futura entidade já está marcada para este sábado (30), às 16h, no salão da Catedral de Rio Branco, para apresentar o projeto da idéia aos afiliados em potencial. Quem tiver interesse pode participar, pois a associação será formada com o fim expresso de reunir sugestões, projetos, relatos e denúncias da população para pressionar as autoridades públicas a melhorar a situação ‘caótica’ do trânsito no Acre.
De acordo com Roberto Santi, a Associação das Vítimas de Trânsito do Estado será uma iniciativa sem fins lucrativos, com a meta de colaborar com o poder público e conscientizar os motoristas. “Não queremos substituir a função de nenhum órgão governamental e sim ajudá-los, cobrando-os por uma execução mais atenta em serviços relacionados à estrutura de ruas e estradas, aproximando-os do que pensa a comunidade sobre o trânsito. Nosso papel é tentar superar os problemas atuais do Acre porque todo mundo está sujeito a um acidente de trânsito; qualquer um mesmo”, explicou.
E estas dificuldades no tráfego de veículos do Estado são muitas, ou seja, ações para a associação é que não vão faltar. Segundo Roberto Santi, as primeiras bandeiras de luta da nova instituição será combater a imprudência de motoristas, o alcoolismo ao volante, a precipitação de motoqueiros (somado ao excesso), os lugares com falta de sinalização, os abusos de ciclistas e a impunidade dos que causam mortes no trânsito, além da busca para agilizar o processo de pensões às famílias de vítimas fatais e/ou que deixaram membros inválidos ou deficientes. Enfim, é exigir mais cautela do condutor.
“No mundo inteiro, foram mais de 1,2 mi de mortes decorrentes de acidentes de trânsito só em 2008. No Brasil, foram 37.585 mortes também no mesmo período. No Acre, foram 138 óbitos em 2008 e 132 em 2009. São números absurdos. Eu dirijo há quase 50 anos e nunca vi tráfego tão perigoso quanto o que temos hoje aqui no Estado. Isso tem de mudar. Os responsáveis por estas mortes têm de ser punidos, as vítimas e seus familiares precisam de mais ajuda não só física, como psicológica, e as instituições públicas têm de melhorar a estrutura de malhas viárias e a sinalização”, dasabafou.
Quanto ao último ponto mencionado, o massoterapeuta tem um exemplo próprio para referência. Segundo ele, uma placa alertando para o risco de estrada molhada podia ter evitado todo o trauma pelo qual a sua filha Giuliana, 23 anos, passou no fim do ano passado. “A falta de tal sinalização foi um dos motivos para o acidente. E é para evitar coisas assim que trabalharemos como ‘agentes da vida’, ajudando as vítimas desse caos crescente que é o nosso trânsito. Temos toda boa vontade do mundo e muitas idéias, por isso eu acredito que contribuiremos muito para melhorar esse quadro”, completou.
O projeto ainda não tem regulamentação jurídica, membros filiados, sede própria ou qualquer outro tipo de estrutura. A reunião marcada para este sábado é que começará a dar um rumo mais público para a idéia. Para a sua concretização, é essencial o apoio das pessoas que também já sofreram baixas com as vítimas de trânsito. Cabe agora à população decidir se diante de tantas mortes vale a pena ou não ter uma entidade que se preocupe em cuidar das vítimas do trânsito.