Com a aquiescência da direção deste jornal, estou de volta a este espaço, agora as sextas-feiras. Aliás A GAZETA agora, tal qual uma garota faceira, “vive a bater pernas” pelo mundo afora. Ganhou o mundo! www.agazetadoacre.com, …queres mais?
Todavia, caro internauta, não foi fácil convencer a mim mesmo, a voltar escrevinhar semanalmente. Escrevinhar soa de forma pejorativa, pois que “escrevinhar” é escrever coisas fúteis, sem proveito. Então seria garatujar (escrever às pressas). Afinal, sou um homem com razoáveis responsabilidades, em função do cargo que exerço, comumente vivo atarefado, ora recebendo pessoas de todos os níveis sociais, ora ministrando disciplinas na sala de aula. O tempo urge. O tempo conspira!
Então para ser fiel ao cativo leitor de A GAZETA, apelo para as madrugadas. Os que me conhecem sabem que sou madrugador. Gosto do silêncio do alvorecer de cada dia e pretendo no sossego das madrugadas entabular as minhas lânguidas idéias. Já que estou falando de crepúsculo matutino. Aqui e acolá, o silêncio das minhas madrugadas é interrompido por um cantar de galo a ecoar maviosamente em minha já quase cansada audição. Uma vez ou outra ouço o estampido (seria es-trepitar?) de fogos. Alguém, em algum lugar em plena madrugada “soltando fogos” como diziam os antigos. Penso, com um sorriso sarcástico: Deve ser aniversário do governandor Jorge Viana ou do deputado federal Flaviano Melo. A propósito, leitor, que coisa sem lógica essa possível união partidária do Jorge com o Flaviano. Se acontecer, as próximas eleições, pelo menos aqui no Acre, vão perder a graça. Vai virar pasmaceira ou mesmice, diria o Silvio Martinello.
Bem, já deu para notar que este articulista, de linhas mal traçadas, cheias de cacoetes de linguagem e de frases feitas, continua irônico. Porém, como deixar de ser irônico num mundo de vias indiretas. Já tentei mudar, mas não consigo. É vício antigo!
A esta altura, você pode perguntar: Continuas pessimista professor? Continuo! É a minha resposta. Pessimista quanto a natureza corrompida e corruptora do gênero humano, pois é notório que a contravenção e a improbidade de todo o gênero permeia os quadradantes da terra. Entretanto, reconheço que o pessimista, do latim pessimus, traz em seu bojo, dizem os entendidos, uma atitude maldosa em relação à natureza humana.
Fazendo justiça ao título deste artiguete, vejo o mundo sem nenhuma novidade. Tudo continua como antes. Nada de novo abaixo do céu! Como não? E os avanços…? Quais, pergunto eu? Se descobrir, leitor me avisa, pois que, talvez eu tenha estado adormecido, em demasia, nas minhas vãs filosofias.
Assim, o que se vê por aí é a eterna emulação (porfia). Competição perversa entre os homens que se esforçam mais e mais, diuturnamente, para ganhar ou ganharem (R$) com o fim de adquirir o que já possuem. É uma corrida louca, uma insanidade sem medida que se revertem em atitudes nocivas à sociedade: a irresponsabilidade ao volante; o atirar lixo em qualquer lugar; o furto de pequenas coisas no local de trabalho; o “fazer hora” no serviço; as faltas desnecessárias no emprego; as mentiras gratuitas ou por interesse: “diga que eu não estou”; o costume de colar na escola; a preguiça de estudar; os relatórios e trabalhos forjados; o trabalho de conclusão de curso comprado; a falta de cumprimento do horário combinado; a crítica irresponsável e infundada sobre outras pessoas; árbitros de futebol que manipulam resultados de jogos, proprietários de carros pipas que negociam, à vista de todos, água emporcalhada; os corruptores da moral, os assédios de toda ordem, enfim.
Toda essa infinidade de desonestidade do sujeito da história gera um desequilíbrio social, que pode ser visto tanto em pequenos costumes como em grandes escândalos financeiros e estabelecem o caos na sociedade. Isso para não falar dos assaltos espetaculares e dos crimes horrendos, coisa macabra mesmo.
Neste mundo, a palavra de ordem é: Desenvolvimento!! Alguns sustentáveis, outros, porém, insustentáveis. Na realidade, com raríssimas exceções de desenvolvimento local – o Acre é um desses privilegiados – o desenvolvimento, em nível de país, nada mais é do que o super-desenvolvimento econômico das elites, beneficiando, especialmente, os bancos e seus banqueiros, em detrimento da população que continua da maneira que aí está. Na história da política partidário brasileiro, salvo os eminentes estadistas, homens e mulheres de bem, só mudam os personagens, a falácia é a mesma; isto é: estão de volta as velhas e man-jadas negociatas.
Esse fantástico mundo de embustes se alarga de forma sem medida. Basta ver o sucesso dos programas de televisão fabricados para imbe-cilizar; os pregadores do “evangelho” que oferecem o paraíso sem falar das agruras da cruz.
É ou não é, leitor, um mundo de embuste e engodos? aliás, neste mundo de aleivosos, me incluo entre os principais. Portanto, nada de novo abaixo do céu. Ah, ia esquecendo! Esse mal moral, faz com que a mãe Natureza, exerça reação furiosa à insensatez humana. Reação previsível, uma vez que, diria o pedante Georg Hegel: “toda ação produz uma reação!”
* Francisco Assis dos Santos é professor e pesquisador (de gabinete) em Filosofia e Ciências da Religião. E-mail: assisprof @yahoo.com.br