Muito se falou que as quadras de tênis de saibro não dão certo nesta região amazônica, mais especificamente no Acre. Porém um grupo de “loucos” amantes da modalidade apostou no contrário e empreenderam um projeto que iria resultar na construção da primeira na região. Ontem, na AABB, a quadra ficou pronta e na primeira avaliação, constatada “in loco” pelos tenistas, o piso, a velocidade, até mesmo a chuva que caiu, demonstraram que o projeto é um sucesso. Esta é a primeira de três quadras que estarão prontas até o final de junho, segundo a própria diretoria do clube.
Para a construção da quadra de saibros um grupo de tenistas, encabeçadas por Wilson José Sena Leite, que responderá como diretor do Tênis na AABB, e Athos Moreira Borges, responsáveis por correr atrás de quem estaria disposto a tomar sociedade nesta empreitada. Há princípio muitos não foram ouvidos, porém quando 40 tenistas deram o “sim”, num montante de mais de 100 praticantes, era a hora de falar com uma associação para a construção.
Em confidência, o então diretor da AABB, agora presidente Ellon Machado, havia repassado sua vontade de ter no parque social do clube a prática do tênis. Quando o grupo de tenistas marcou reunião com o dirigente máximo, Ellon, acompanhado do superintendente do Banco do Brasil, Edivaldo Souza, viram com bons olhos a proposta. Na época, a entidade se comprometeu com parte do investimento. “O sonho não era apenas deles, mas nosso também e pode ter certeza que estamos comprometidos com o tênis no Estado”, disse Ellon, lembrando que a entidade agora é pioneira em saibro.
Com o dinheiro garantido e o espaço, os “empreendedores” precisam de um engenheiro para planejar o projeto. Entrava Naildo Carlos de Assis, que ficou responsável por acompanhar toda a construção das novas quadras. “Quando encontrei com Athos e ele me perguntou sobre a possibilidade da construção, respondi que seria possível sim, tanto é que está aí”, sentenciou de forma direta. “Saibro é solo e solo você mistura com outro até chegar na composição desejada”.
A quadra, diferente de outras teve todo o planejamento, seja no alambrado, no tipo de piso, nas luminárias (para jogos noturnos), ou simplesmente na área de recuo (onde o tenista se desloca), tudo foi discutido entre engenheiros, diretores e os tenistas. “Depois de muita luta, muita força de muita gente, percebemos que valeu a pena”, avalia Athos, um dos responsáveis pelo acompanhamento do projeto. “Temos de agradecer muita gente, mas em especial a Wilson e o Ellon, principais responsáveis pelo sucesso da quadra de saibro”, desabafou o tenista e empresário.
Wilson lembrou que a construção da quadra iniciou ainda em novembro, num período de muita chuva, encarecendo o custo final da primeira quadra – em torno de R$ 43 mil – , porém as demais não devem chegar ao orçamento total que é de R$ 120 mil. “Nesta parte não temos que pagar terraplanagem, não iremos ficar dias parados devido a chuva, por isso estimamos terminar as outras duas quadras no período de dois meses”, disse o diretor, afirmando que as obras começam dia 1º de abril.
Federação e Tenistas – O presidente da Federação, Allan Ascendino, elogiou a obra. “Não considero uma quadra vantagem, mas sim quando estivermos com 3, 4 ou 5 quadras de saibro, atendendo os alunos dos professores (Chupeta, Tabosa, Carlos, Chaves)”, disse. E estabeleceu uma meta: “Daqui a 4 ou 6 anos podemos estar entrando no mapa do tênis brasileiro com atletas de ponta”.
Também associado do projeto, o tenista e empresário Sérgio Murata lembrou que o saibro “é muito mais tranqüilo, evita tantas lesões nas articulações”. Como parte dos tenistas locais ultrapassam os 30 anos, as quadras de cimento começam a lesionar, o que não acarretaria com as de saibro.