A pedido do procurador da República, Ricardo Gralha Massia, o juiz David Wilson de Abreu Pardo, da 1ª Vara Federal do Acre, recebeu os servidores da Fundação Nacional de Saúde – extinta Sucam – com suspeita de contaminação por Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT), ontem, 3, para saber se as determinações judiciais para o diagnóstico dos casos e atendimento às vítimas estão sendo cumpridas pelo Estado e pela Funasa.
Pelo menos 100 servidores compareceram. A audiência aconteceu no auditório da instituição e foi acompanhado de perto pela deputada estadual Idalina Onofre (PPS), membro da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, e pela advogada Martha Cruz, representando o gabinete da deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB). O procurador Ricardo Gralha também esteve presente.
Uma cena comoveu os presentes. Aos 70 anos de idade e com visíveis complicações decorrentes do DDT, o funcionário José Pereira, fez questão de comparecer à sede da Justiça Federal para dar seu testemunho. Apoiado pela mulher, Maria Nilce, ele aguardava pacientemente o início da audiência.
Segundo o presidente da Comissão DDT e Luta pela Vida, Aldo Moura, o Plano de Ação apresentado pelo Estado e pela Funasa só existe no papel. Uma das queixas é com relação à equipe médica que deveria ser disponibilizada para atender os pacientes.
“A equipe deveria ter dois neurologistas, um clínico geral, e um oncologista, mas apenas um desses profissionais foi disponibilizado”, disse. De acordo com Aldo Moura, além da equipe estar incompleta, o atendimento que deveria ser realizado diariamente está ocorrendo apenas uma vez por mês e nos finais de semana.
Além de atendimento médico, o Estado e a Funasa também foram sentenciadas pela Justiça a arcar com todas as despesas relativas à compra de medicamentos. Outro item do Plano que, segundo os ex-guardas, não está sendo cumprido.
A preocupação do Ministério Público Federal, autor da Ação Civil Pública que resultou na sentença da Justiça prevendo amparo total às vítimas do DDT, é com relação ao grande número de vítimas que estão sendo registradas. Desde novembro, quando o Plano de Ação foi apresentado, nove funcionários já faleceram. O temor é que, sem a devida assistência, eles continuem morrendo.