O nível do Rio Acre alcançou ontem, às 18h, na última medida do dia, a marca dos 14,82 metros, equivalente a uma alta de 37 centímetros entre terça-feira (3) para ontem (4). Com a nova subida, a Defesa Civil estima que cerca de 2.100 casas (ou famílias) das áreas de risco já devem ter sido atingidas. Deste total, cerca de 220 famílias já tiveram os seus lares comprometidos pelo transbordamento do rio, com 122 remoções efetuadas pelos Bombeiros (72 para o abrigo no Parque de Exposições e 50 para casa de parentes) e outras 100 saíram por conta própria.
Traçando o seu percurso de ontem, o rio amanheceu com 14,64m na 1ª medida, às 6h. Às 10h, manteve-se com 14,64. Daí, ele subiu até alcançar os 14,82m.
De acordo com o coronel Gilvan Vasconcelos, coordenador da Defesa Civil Municipal (Comdec/RB), é pouco provável que o rio sofra alguma vazante, já que o seu o volume está relativamente estabilizado em um padrão elevado. Assim, é natural que ele amanheça hoje com um nível semelhante ao de ontem (14,82m) ou mesmo tenha uma reincidência de cheias, já que as chuvas nas cabeceiras não pararam e alguns lugares que desaguam em Rio Branco ainda estão registrando altas.
“É o caso de Xapuri, que subiu 69 cm de quarta para quinta, e do Riozinho do Rola (principal afluente do trecho do Rio Acre que passa pela Capital), que subiu 68cm. Portanto, é provável que essa água mantenha o volume por aqui. Em contrapartida, alguns lugares das cabeceiras tiveram baixas, como Brasiléia (-38cm) e Assis Brasil (-30cm). Isso é bom para nós. Agora, é importante ressaltar que, independente do rio subir ou descer, a Defesa Civil e seus parceiros estarão mobilizados para continuar executando o nosso plano de contingência de maneira árdua e progressiva”, ressaltou.
Conforme a Comdec, os bairros de Rio Branco atingidos pelo transbordamento do Rio Acre são: Airton Sena, Seis de Agosto, Triângulo Novo, Baixada do Habitasa, Taquari, Adalberto Aragão e (desde a cheia de ontem) Cadeia Velha.
Parque de Exposições já abriga 72 famílias
O abrigo montado no Parque de Exposições Marechal Castelo Branco já acolhia, até o fechamento desta edição, 72 famílias (mais de 300 pessoas) expulsas de suas casas pelo rio. Na terça (2), primeiro dia de transbordamento, o abrigo recebeu 14 famílias. No dia seguinte, foram 23. Ontem, este número era de 35, parcialmente. Para abrigá-las, foram montados 85 boxes. Contudo, se o crescimento diário continuar, é provável que mais stands sejam construídos, lembrando que a capacidade do lugar é de 270 boxes.
Conforme a secretária municipal de Cidadania e Assistência Social (Semcas), Estefânia Pontes, o abrigo passa por 2 momentos distintos. O primeiro, quase concluído, é o de instalação, que envolve atividades a serem programadas com crianças, construção de boxes, disposição de lugar para guardar bens dos desabrigados, espaço para montar a cozinha e os postos de assistência em saúde. O segundo diz respeito à manutenção de tudo isso, com abastecimento de alimento, de atendimento médico, de atividades infantis, etc. Para isso, a Semcas conta com a ajuda de vários órgãos e secretarias.
“Nossa meta é preparar o abrigo da melhor forma para receber todas as famílias desabrigadas. Para isso, contamos com 100 pessoas (30 da Semcas e 70 de parceirias). Ainda hoje, esperamos fechar pelo menos parte da programação das atividades que faremos com eles, em especial, com as crianças”, concluiu a secretária.