Além do genocídio que dizimou grande parte da população indígena no Novo Continente, o contato do homem branco com os primeiros habitantes os deixou vulneráveis a doenças que seu organismo não estava adaptado a combater de forma natural. O resultado disso é uma mortandade por doenças até então incomum a esses povos. Para se redimir dos erros passados, o governo brasileiro mantém políticas públicas voltadas à saúde indígena.
Mas como não poderia ser exceção, até os índios sofrem com a burocracia da máquina estatal, que impede a prestação de serviços mais rápidos, eficazes e com um alcance maior. “Hoje necessitamos de mais barcos e carros para chegar às aldeias”, diz Maurilo Bonfim, chefe do Distrito Sanitário do Alto Rio Purus. A Funasa (Fundação Nacional de Saúde) é o órgão responsável por levar aos povos indígenas a assistência médica.
Para atender todas as comunidades, a Funasa dividiu o país por distritos sanitários especiais indígenas. O do Alto Rio Purus é responsável por 104 aldeias espalhadas pelo Acre até a região do Purus, sul do Amazonas e noroeste de Rondônia. São oito mil índios que o distrito deve atender. Trabalho este que a equipe consegue fazer com as dificuldades impostas pela deficiência no suporte técnico.
Formado por médicos, enfermeiros e outros profissionais, o grupo faz visitas periódicas às aldeias. “A imunização é nosso foco maior”, afirma Bonfim. Um dos desafios a ser superado na saúde indígena é reduzir o número de mortalidade infantil nas tribos. “A quantidade crianças índias que morrem logo após o parto é o dobro da registrada entre os brancos”.
Quando as doenças não são tratadas na floresta, os índios são levados para os hospitais das cidades. Em Rio Branco, a Casa do Índio funciona como um hotel de trânsito para aqueles que necessitam de um acompanhamento e tratamento mais eficazes. Atualmente, 97 índios ocupam os cômodos da casa que é coordenada pela Funasa.
Ontem foi dia de festa para celebrar o Dia do Índio. Mesmo distantes de suas aldeias, com nada que lhes faça lembrar os ritualismos da vida na floresta, eles fazem questão de manter vivas as tradições. Mas agora não querem somente passar de geração a geração seus ritos oralmente, querem registrar. “Queremos máquinas fotográficas”, diz o kaxinawá Francisco das Chagas, 32 anos.