Um mapeamento minucioso, realizado pela Divisão de Repressão ao Entorpecente (DRE) da Polícia Civil, vai possibilitar a identificação e o monitoramento dos pontos de vendas de droga na Capital. O trabalho está sendo coordenado pelo delegado Adriano Carrasco, titular da especializada, com o apoio do delegado adjunto, Mardilson Vitorino, e de uma equipe de oito agentes.
De acordo com Carrasco, as cidades do interior do Estado, principalmente as localizadas nas regiões de fronteira – como Brasiléia, Epitaciolândia, Assis Brasil, Plácido de Castro e Cruzeiro do Sul – são utilizadas apenas como corredores, mas é na Capital onde se localizam os laboratórios e pontos de comercialização.
Existem informações, inclusive, da existência de plantios de maconha – nas mesmas proporções do descoberto recentemente na Reserva Extrativista Chico Mendes – dentro da região metropolitana de Rio Branco. O que demonstra o tamanho da ousadia de quem lida com essa prática ilegal.
Devido à sua localização geográfica e a frágil fiscalização da faixa de fronteira, o Acre é encarado como uma porta de entrada fácil. Alia-se a isso a situação de pobreza de muitas famílias que vivem em cidades fronteiriças. Por dinheiro ou para manter o próprio vício, muitas pessoas aceitam cruzar a fronteira com pequenas quantidades de drogas. É o chamado (tráfico formiga).
Apesar de contar com o suporte dos serviços de inteligência da Polícia Civil e da Polícia Militar, é graças às informações repassadas pela população que as grandes apreensões acontecem. “Recebemos uma média de trinta denúncias por dia”, informa o delegado, destacando a importância da parceria das polícias e da sociedade.
Para Carrasco, o combate ao tráfico de drogas é essencial para a redução da criminalidade. “Homicídio, roubo, furto, geralmente esses crimes estão relacionados ao tráfico de drogas. Existem ainda aquelas situações, onde a família vende a droga para manter a sobrevivência e todos acabam presos por isso”, observa.
Pasta-base de cocaína lidera apreensões
A pasta-base de cocaína – que tem como matéria o oxidado vindo da Bolívia e do Peru – lidera o ranking das apreensões realizadas pela Divisão de Repressão ao Entorpecente. Em segundo lugar, aparece a maconha e por último a cocaína pura.
A maior apreensão realizada pela DRE ocorreu no mês passado, quando foi localizado um plantio de maconha dentro da Reserva Extrativista Chico Mendes, em Xapuri. No local, foram encontrados 150 quilos de maconha prontas para consumo e 46k de sementes. Cerca de mil mudas foram incineradas. “Foi a maior apreensão realizada no Estado”, ressalta.
Reserva Chico Mendes será monitorada
A descoberta do plantio de maconha dentro da área de reserva deixou a polícia em alerta. Adriano Carrasco disse que o local passará a ser monitorado com mais rigor a partir de agora e para isso vai buscar o apoio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
“Nós estamos entrando em contato com o Ibama para montar uma estratégia de monitoramento do local. É uma área de extensão, o que acaba facilitando a ação criminosa, por isso precisa ser olhada com mais atenção”, disse.
Carrasco falou ainda do lucro fácil que vem do tráfico. No caso do plantio de maconha de Xapuri, a polícia obteve a informação de que o investimento inicial foi de apenas R$ 500,00 e que a previsão era de um lucro de R$ 400 mil em apenas um ano.