Uma casa verde da Avenida Epaminondas Jácome, no bairro Cadeia Velha, serve de quartel-general para a família Costa desde o último dia 16 de março, quando um de seus membros, o garoto Fabrício Augusto Souza da Costa, 16 anos, foi raptado ao descer de um ônibus no Conjunto Esperança.
É de lá que um aparato investigatório infinitamente maior que o da própria polícia tenta encontrar uma resposta para um dos mais difíceis casos policiais que se tem notícia.
Crime encomendado e planejado – A família sabe, por exemplo, que Fabrício foi monitorado pelos bandidos há algum tempo antes do crime e acredita que houve encomenda para isso. “Todos os seus passos foram vigiados e a desculpa de seqüestro é falsa”, afirma Sérgio Costa.
Acredita também que um exame de DNA seria fundamental para descobrir se realmente as manchas de sangue no colchão e nas paredes são do menino Fabrício Costa, ou de um cão e dois ratos que foram mortos e colocados no local como forma de despistar a polícia.
O exame, no entanto, ainda não foi feito, não se sabe por qual motivo. Paralelo a isso, um rastreamento na conta de celular da família mostrou que o dia 23 de dezembro do ano passado foi a última vez que Fabrício inseriu crédito no seu telefone (R$ 18).
Desde este período até o dia 28 de março, não havia nenhuma ligação. Como não houve chamada, se tornou impossível qualquer indício que pudesse levar aos motivos do crime.
“Por isso, nós acreditamos que ele tenha sido vítima de uma quadrilha com fins de pedofilia ou de tráfico de órgãos”, pontua o tio.
Para ele, “pode ser absurdo e inviável a retirada de órgãos aqui no Acre, mas acredito que isso seja possível em clínicas bolivianas”.
Outra especulação defendida por Costa, é que ele pode ter sido “escolhido” por algum pedófilo que contratou o bando.
Para justificar estas hipóteses, duas razões são apontadas pela família. A primeira se baseia na forma como os indivíduos dizem que mataram o garoto. “Pelo porte físico de Fabrício, franzino, frágil, ele sequer suportaria um tapa no rosto de um brutamonte como é o líder do bando”.
O segundo motivo para acreditar que Fabrício foi levado de Rio Branco é o de que o corpo não aparece. “Acho que nem eles sabem onde está, porque as informações são desencontradas”.
Mas, os amigos da família já percorreram as ruas da cidade boliviana de Cobija (distante 240 quilômetros de Rio Branco, na fronteira com os municípios de Epitaciolândia e Brasiléia), procurando por pistas neste sentido. Não conseguiram nada.
Parentes pedem a intervenção de Binho Marques no caso
A família já protocolou denúncia no Ministério Público do Estado do Acre. Sérgio Costa esteve na Promotoria Especializada da Infância e da Juventude.
Mas, em razão da lentidão na conclusão das investigações, a família fará um apelo ao governador Binho Marques para que intervenha no caso.
“Sabemos que o governador poderá fazer alguma coisa mais enérgica”, acredita.
A família afirma que está na hora de a sociedade civil organizada agir de forma conjunta para evitar que novos casos venham a acontecer.
Desolação em casa – “Perdi o meu companheiro”, diz dona Ruth Farias, 62 anos, a avó que criou Fabrício desde que a mãe, Ana Clara, repassou a guarda do garoto.
Antes do desaparecimento do neto, ela pesava 37,5 quilos. Hoje está com 36 e continua perdendo peso.
Na casa dela, moravam o Fabrício, ela e uma filha de 35 anos. Agora, com a perda do garoto, dona Ruth chora muito e encontra forças no amparo constante de uma vizinha.