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Evangelho corrompido

Num país que possui 123 milhões de católicos e, agora,  conta com uma polução de 42 milhões de “fiéis” evangélicos, não deveria haver tanta corrupção e tanta desonestidade, diria dia desses Rachel Sheherazade, âncora do SBT. O mais certo é dizer que as igrejas tidas cristãs e seus líderes carismáticos, corromperam a mensagem do evangelho; mensagem que não muda jamais.   

  Pelo prisma das Sagradas Escrituras, especialmente, na concepção das epístolas paulinas, corromper o Evangelho ocorre quando as pessoas necessitadas da verdade do  Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, ao invés de receberem essa boa nova, satisfatória a seus an-seios espirituais, ouvem umas e outras alocuções, recheadas de pragmatismo  exacerbado, prove-niente de espíritos enganadores sobre algum problema político, econômico ou social da atualidade. E assim esses sinceros cristãos da boa- fé vagueiam de um para outro lugar, de mão em mão, passando da esperança ao desespero “levados ao redor por todo vento (má) de doutrina (ensinamento), pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro”.

É da lavra do escritor Isaltino Gomes Coelho Filho, a seguinte assertiva: Numa sociedade massi-ficada por banalidades, não há espaço para discussão e contestação. As pessoas consomem futilidades e qualquer coisa que demande tempo e esforço mental é banida. Torna-se cansativa. Isto é típico de uma mentalidade que vende e consome produtos, ideias e estilos de vida, a mentalidade capitalista/empresarial.  Esta mentalidade, lamentavelmente, se infiltra na Igreja. E cria um estilo de banalidade. Cultos banais, mensagens banais, publicações banais, produzindo um cristianismo superficial, um evangelho sintético, de consumo, sem exigên-cias e só oferecimentos. O púlpito que prega arrependimento, abandono do pecado, ética elevada, corre o risco de perder público. Mas se pregar coisas boas, se apresentar um evangelho consu-mível, palatável ao gosto superficial de hoje, terá sucesso. O pregador que faz pirotecnia no púlpito, que oferece curas, bênçãos, riquezas, prosperidade, sem dúvida, terá mais sucesso que aquele que usar os termos de Jesus: arrependimento e fé.

Esta mentalidade surge até na teologia. A espiritualidade, onde estão as mais sólidas raízes teológicas das grandes denominações, está fora de moda. O que prevalece é a teologia da prosperidade. A Igreja Católica apostou suas fichas na teologia da libertação e os neopentecostais as apostaram na teologia da prosperidade. Como ninguém liga muito para os que sofrem e para as injustiças, os pregoeiros da riqueza como sinal de fé estão com melhor audiência. Com todos estes fatores, precisamos parar para pensar seriamente. A Igreja corre o sério risco de desca-racterizar-se, de perder sua identidade, tão peculiar e distinta das demais organizações deste mundo. Está sendo massificada por esta mentalidade de informações.

E mais, digo eu: A cúpula dessas “igrejas” que atende pelos títulos de “bispo” “apóstolo” “pastor” e “missionário”, com raríssimas ressalvas, na sua grande maioria, não possui vocação pastoral ou ministerial, uma vez que alguns mantêm o título, mas exercem, por exemplo, cargos públicos na condição de vereador, deputado e senador. A maior parte não possui nenhum preparo acadêmico, seja no campo: teológico, filosófico, sociológico, antropológico ou psicológico. Por outro lado, o baixo clero dessas igrejas, é fortemente doutrinado para o desempenho que a cúpula ordena. Até a voz do “chefe” é copiada, pelos demais líderes, numa impostura vergonhosa.  Também, as práticas antiéticas desses “guias” mostram claramente que muitos deles, embora possuidores de um discurso de ouro possuam os pés de barro, o que revela um particular caráter hipocondríaco. Fica claro, ainda, aos olhos de qualquer observador comum, além do caráter doentio, o interesse, dessa gente, pelo lucro.

Jesus Cristo, de cuja  vida e sofrimento surge  o Santo Evangelho, resistiu, quando aqui viveu, aos poderes da ordem social existente e dominante. A Igreja atual, notada-mente os da linha “neopente-costais” tem dificuldades para manter esse fiel testemunho de Jesus Cristo. Esse deslocamento da visão original de Jesus Cristo  é, sem sombra de dúvidas, produto de más doutrinas infiltradas, em longo dos anos, nos bastidores das igrejas evangélicas.

Para os promotores desse evangelho corrompido, aos que fazem da religião cristã um comércio, movidos por avareza, em nome do Santo Evangelho, “o juízo lavrado a longo tempo, da parte do Senhor Jesus Cristo, não tarda, e a sua destruição não dorme” (II S.Pedro 2.3).

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