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Francisco Leal: “o Rio Branco tem que ser reconstruído, o clube está um caos”

O juiz trabalhista aposentado Francisco de Paula Leal, de 58 anos, foi aclamado novo presidente do Rio Branco FC na noite de ontem (9), na sede social do clube. O cartola conversou com a reportagem de A GAZETA e falou sobre os projetos, os desafios e as mudanças na sua gestão, que vai ter duração de um ano.

A diretoria comandada por Leal terá como vice-presidente o engenheiro Raul Marcel. O ex-presidente Natal Xavier será o diretor executivo de futebol.

Durante a conversa, o dirigente destacou a importância de colocar um fim na briga jurídica que o clube enfrenta. Falou sobre a construção de um CT no José de Melo, a estruturação das categorias de base do Estrelão e o planejamento para a próxima temporada. Confira abaixo os principais trechos da entrevista:

A GAZETA: Francisco Leal, para começar a entrevista, como é sua relação com o Rio Branco FC?
Francisco Leal: Sempre participei mais como torcedor e também ajudando e dando sugestões ao Natal Xavier, quando ele era presidente. Não participava da parte administrativa, só como sócio, e depois conselheiro, até porque minha função (juiz do trabalho) não permitia uma participação mais ativa no clube.

A GAZETA: O senhor vai assumir um mandato tampão, com um ano de administração. Quais são suas propostas?
Francisco Leal: O nome da nossa chapa é Reconstrução. O Rio Branco tem que ser reconstruído, o clube está um caos. A primeira obrigatoriedade é resolver essa pendência jurídica, e isso não depende só do Rio Branco. Mas, nosso esforço vai ser para que no início do ano a gente saiba qual campeonato nós vamos disputar além da Copa do Brasil. Seja ele da Série C ou D, alguma competição nós vamos participar. Queremos a Série C e lutaremos pra isso. Com o Natal no comando do futebol, o objetivo é estruturar todas as categorias do clube, da base até o profissional. E também restaurar a sede social, que está completamente abandonada, resgatar os bailes de carnaval. Temos uma equipe de cerca de oito pes-soas, todas empenhadas em encontrar soluções para que o clube participe com destaque em todas as competições que for disputar. Não vamos ser meros coadjuvantes, vamos ser protagonistas. De uma forma ou de outra, nós arranjaremos um meio pra isso.

A GAZETA: O senhor falou em estruturação das categorias de base. Como vai ser esse processo?
Francisco Leal: Primeiramente, é necessário investimento e nós não temos dinheiro. Antes de tudo, vamos restaurar a escolinha. Ela leva as outras categorias juntas, porque não é específica para os associados, e sim a comunidade. Queremos impulsionar principalmente os juniores, pois pretendemos representar o Acre na Copa São Paulo de Futebol Jú-nior. Recolocar o Rio Branco onde ele merece estar.

A GAZETA: Um dos projetos da gestão do presidente Bruno Cotta Paiva era a construção de um CT no José de Melo. Esse projeto continua na sua gestão?
Francisco Leal: Continua. Por sinal a gente tem falado sobre esse projeto. Nos primeiros dias do mandato, vamos tornar efetiva a posse daquele local, porque existem vários imóveis sendo construídos ao redor. O Governo do Estado vai construir um acesso à Cidade do Povo por trás do José de Melo, e a possibilidade de ter invasões é grande. Vamos tornar a propriedade nossa, tomarmos posse de fato. Vamos apresentar projetos junto ao Ministério do Esporte para que possamos fazer um CT. A possibilidade é muito grande.

A GAZETA: O senhor acha que é possível terminar o CT na sua gestão?
Francisco Leal: Não. Vamos começar a construção e quem assumir depois vai ter o desafio de terminar.

A GAZETA: O clube tem dívidas que chegam a mais de R$ 150 mil. O que vai ser feito para sanar essas dívidas?
Francisco Leal: Algumas dívidas nós não sabemos quem fez, e se foi o Rio Branco que realmente fez. Estive olhando a relação de débitos que o clube tem a pagar, existe dívida que o vendedor disse que foi o fulano que comprou para o Rio Branco. Como é que foi o fulano que comprou para o Rio Branco? Não vou pagar uma dívida dessas. Eu quero que ele traga o comprovante que o clube utilizou aquela mercadoria e que foi um representante do Rio Branco que comprou. As outras obrigações, como impostos, serão sanadas. Mas as dívidas de credores só serão pagas as que o Rio Branco dever, e asseguro que não será tudo isso. Vou pedir para o nosso contador analisar todas as dívidas e nos dizer as que vamos pagar, as que não vamos e as que serão negociadas. Não deixaremos de pagar nenhuma dívida.

A GAZETA: O vice-presidente Adem Araújo, que renunciou no mês de setembro, é o proprietário de um dos maiores patrocinadores do clube. Como vai ser essa relação? Vocês pretendem mantê-lo como patrocinador?
Francisco Leal: O próprio Adem Araú-jo falou na imprensa e pra minha pessoa, que eu sendo o presidente, ele manteria o patrocínio. Sem problemas. Nós estamos em busca de outros parceiros também, mas precisamos ter um produto para vender. Se participarmos da Série C, por exemplo, teremos patrocinadores fortes sim.

A GAZETA: Falando sobre o departamento de futebol do clube. Qual vai ser a importância do ex-presidente Natal Xavier nessa gestão?
Francisco Leal: O Natal vai tomar conta do futebol do clube, desde a categoria de base até o profissional. Ele é uma das pessoas que, como poucos, amam o Rio Branco, e conhecem de futebol no Estado. Embora seja, às vezes, “cabeça quente”, mais rio-branquino que ele não existe aqui.

A GAZETA: Este ano, a torcida teve leve participação na formação do elenco. Como vai ser sua relação com a torcida do clube?
Francisco Leal: A torcida é o 12º jogador, como se costuma dizer. Nem sempre vai ser possível fazer o que a torcida quer, mas dentro das possibilidades nós vamos atender aos pedidos. Por que não ouvir a torcida? Clube nenhum existe sem torcida. Sem torcida não haveria nem futebol. Nem sempre as reivindicações serão atendidas, até porque fazer futebol no Acre é um pouco de milagre, porque não há investimento e não tem dinheiro. Ajuda só do governo. Das empresas, não há interesse em investir, o nosso futebol não tem muito o que vender. Não adianta gastar muito com jogadores de fora com altos salários e não ter retorno necessário.

A GAZETA: Em relação ao planejamento para a próxima temporada, como vai ser montado o elenco para 2013?
Francisco Leal: Para o Campeonato Acreano, não tem como investir em jogador de fora. Talvez um ou outro. Teremos uma base local. Caso a gente participe da Série C, vamos fazer investimentos específicos para a competição. Mas tudo isso vai depender do treinador.

A GAZETA: Já tem o nome do novo treinador?
Francisco Leal: Nomes existem, fizemos alguns contatos, mas preferimos não divulgar até que a contratação seja concretizada. Tem dois ou três nomes daqui, conhecidos do futebol acreano.

A GAZETA: Jogadores que vestiram a camisa do clube nos últimos anos, como Juliano César, Zé Marco e outros vão permanecer no Rio Branco?
Francisco Leal: Nós vamos analisar aqueles que podem render no clube, independente de ser “medalhão” ou não. Se nada trouxe para o Rio Branco, será descartado. Tudo vai ser analisado pela diretoria inteira. Temos uma lista de nomes e vamos fazer essa análise. Se o jogador tiver condição de render, vai ser contratado. Não tem jogador com cadeira cativa no clube.

A GAZETA: Francisco Leal, para finalizar, o senhor pensa em reeleição?
Francisco Leal: Está muito cedo. Primeiro tenho que ver o que posso fazer pelo Rio Branco. Não me apego a cargo nenhum, tenho apego a ideias, me apaixono por ideias e vou atrás dessas ideias. Se não conseguir ser útil ao clube, não vou nem me candidatar a nada.

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