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Corretor de imóveis cobra eleições no Creci/AC, mas tesoureiro diz que ‘não há gente para compor chapa’

 O corretor de imóveis Elvando Albuquerque Ramalho, mais conhecido pelo apelido de ‘Noel’, da Noel Empreendimentos, denunciou À GAZETA o que ele chama de um ‘problema antigo’ envolvendo o Conselho Regional de Corretores de Imóveis no Acre (Creci/AC). Noel fez a denúncia de que estaria havendo uma ‘manobra’ para travar as eleições na entidade, a fim de manter à frente do conselho no Acre membros da presidência do Creci de Rondônia. E isso não atenderia aos anseios locais da categoria.  

 Noel contou a história da seguinte forma: em 2009, houve a implantação do Creci no Acre. Antes disso, os corretores de imóveis daqui tinham apenas uma delegacia vinculada à Rondônia. Na instalação do conselho, foi nomeado uma presidência, que ficou no ‘poder’ do Creci durante os seus 3 anos de mandato. Em 2012, o conselho deveria passar por uma eleição, que decidiria se a presidência se manteria no cargo, ou se uma nova chapa concorrente poderia lhe substituir.

 “Tentaram fazer a eleição 2 vezes, só que manipulando para que os representantes deles conseguissem vencer, com chapa única. Não conseguiram. Formamos a nossa chapa, só que eles não abriram as eleições. Seguraram até terem a sua chapa. Houve até uma 3ª tentativa de eleições na qual pegaram uma lista dos corretores e foram até eles com intimidações, dizendo que se não entrassem para compor a chapa deles, o Conselho Federal iria extinguir o conselho. Isso é um absurdo. E, nesta enrolação, o mandato terminou em dezembro, sem eleições”, contou Noel.

 Com o fim do mandato, foi estabelecida uma diretoria interventora, em caráter provisório, com o objetivo expresso de rea-lizar a eleição no conselho. Noel com que o presidente interventor, que é de Porto Velho, nos primeiros dias, veio ao Acre e anunciou que aconteceria a eleição. Isso deixou todos felizes. Noel conta que até mobilizou os corretores para montar sua chapa e ficou esperando para concorrer.  Só que, segundo ele, não havia nomes para formar a outra chapa, a da presidência anterior. E, nos 6 meses que se seguiram, o edital eletivo nunca foi aberto.

 “O edital não saiu. Estamos com a chapa pronta até hoje, e nada. Este presidente interventor só voltou a pisar aqui de novo no início de julho, quando já acabara seu mandato provisório. Ele se reuniu conosco e falou um absurdo. Disse que nós poderíamos ir por 2 caminhos: ou entrar na chapa deles ou iam pedir a extinção do Creci do Acre no conselho federal (Confea). O clima agora é  tenso, pois a diretoria interventora, que tinha como único objetivo assumir por 6 meses para instalar o processo eletivo, não o fez. E pior, baixaram uma portaria, no último dia 8, que prorroga a atuação dos interventores por mais 6 meses. Então, o que nós, um grupo de corretores, queremos é que neste período saía o edital da eleição com antecedência para que possamos nos preparar, fazer uma campanha de regularização da categoria e formalizar nossa chapa”.

 Mas por que é tão difícil formar uma chapa no conselho? Ao todo, Noel disse que o Creci/AC lista 250 corretores de imóveis. Só que, destes, só 150 são habilitados a participar de chapas (isto é, têm mais de 2 anos atuando na profissão). Ainda destes 150 habilitados, menos de 80 estão em dias com o conselho. Não haveria nomes suficientes para formar 2 chapas. Até porque muitos corretores preferem se isentar de processos eleitorais e não participar de chapa alguma.   

 Pela falta de eleição, Noel afirma que vai levar todo o caso para o Ministério Público, a fim de analisar qual seria a melhor ação jurídica a ser tomada para haver o processo eleitoral no Creci. 

Tesoureiro nega acusações e diz que eleição só não aconteceu ainda por falta de chapa
 O tesoureiro da diretoria interventora, Francisco Morais de Sales, negou todas as denúncias feitas pelo corretor Noel. Segundo Francisco, não há e nunca houve nenhum tipo de ‘manobra’ para manter representantes de Rondônia à frente do Creci/AC. Segundo ele, a única razão para não ter havido o processo eleitoral no conselho acreano até agora é porque não foi possível, com o número de corretores habilitados, adimplentes e com vontade, montar uma chapa para a eleição.

 Francisco contestou os números apresentados por Noel. De acordo com ele, o Creci local possui apenas 126 corretores de imóveis habilitados, dos quais só 63 estão em dias com o conselho. Ele diz que até daria para formar uma chapa com 54 nomes. No entanto, pelas ‘denúncias falsas’ que Noel tem ‘alarmado’, muitos dos corretores preferem não participar de chapa alguma. “E é por falta de gente sufi-ciente que o conselho federal não faz a eleição. Só isso”.

 Francisco também diz que a atual diretoria interventora está se esforçando para sensibilizar os corretores a ficarem adimplentes com o Creci/AC. A partir daí, terão mais corretores aptos a se filiarem em chapas. “Quando tivermos o grupo para fazer esta chapa. Aí sim vamos baixar o edital para a eleição. Não adianta abrir agora, se não tem chapa pra concorrer. E, vale destacar, que não existe prazo algum para eleições no Creci. Pode acontecer nos próximos 6 meses, ou só em 2015. Tudo depende de termos corretores suficientes para compor uma chapa e fazer a eleição”.

 O tesoureiro explicou que a intervenção (feita no começo do ano e renovada agora) foi a única maneira de manter o Creci no Acre. Contou, ainda, que Noel só faz todas estas denúncias porque tem interesses em assumir o conselho e que, antes de fazer denúncias, ele deveria tentar provar o que fala. “Também não tememos ação nenhuma. Aliás, quem deve responder na Justiça por ficar fazendo denúncias infundadas é o próprio Noel. Não nós”, finalizou Francisco Sales. 

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