A impressão que se tem – e não é só impressão, é a verdade – é a de que a classe política não entendeu o recado das grandes manifestações e protestos que eclodiram recentemente em todo o país e ainda perduram em algumas capitais.
Agora mesmo se assiste uma verdadeira barganha por siglas partidárias com vistas às eleições do próximo ano. Políticos mudam de partidos como mudam de camisa, sem nenhuma preocupação ou coerência com os princípios ideológicos ou programáticos, migrando de um lado para outro. Sobretudo, os chamados partidos “nanicos” que estão sempre disponíveis para servir como moeda de troca.
O resultado dessa barganha, desse mercado persa é o apro-fundamento cada vez maior da descrença da sociedade nas siglas partidárias e, consequentemente, na classe política que se presta a esse serviço.
Não é aleatório ou injusto que qualquer pesquisa que se faça sobre a credibilidade das instituições, o parlamento e a classe política sempre acabam aparecendo nos últimos lugares em matéria de credibilidade.
Evidentemente que não é dessa forma que se constrói um país com instituições e democracia sólidas e confiáveis. Não foi sem propósito que nessas mesmas manifestações, a população vetou a participação da classe política.