Cada membro da mesa apresentou os principais projetos de seu setor relacionados com os produtores extrativistas e os técnicos da Ates que irão prestar o atendimento as famílias a partir de março deste ano. Uma questão chave levantada pela platéia envolve o Banco da Amazônia quanto a dificuldade de acesso ao crédito para os pequenos produtores rurais, principalmente mulheres e jovens.
Como resposta o representante do Basa repassou as necessidades cadastrais, aconselhando aos técnicos que auxiliem a população no correto preenchimento dos formulários, para adiantar o processo. Ele afirmou que é política da instituição destinar 30% dos empréstimos a mulheres, mas no Acre os pedidos mal chegam a 10%.
Outra questão polêmica foi referente a projetos dos produtores extrativistas que fracassaram. O professor de Economia da Ufac, Raimundo Claudio Gomes, que no mesmo evento havia realizado uma palestra sobre “como planejar pequenos projetos econômicos sustentáveis”, discordou da opinião da mesa quanto a culpa do fracasso. Para ele, sem um plano de negócio completo que envolva o estudo do mercado e viabilidade; que o governo e banco disponibilizem o crédito; e o técnico preste assistência, o projeto não se torna lucrativo e a dívida fica no nome do produtor. A responsabilidade, portanto, deveria recair sobre o governo e instituições que elaboraram o projeto, e sobre o banco que o financiou.
A mesa discordou de forma unânime, ressaltando que o produtor também teria culpa neste processo. E o secretário Lourival Marques, da Seaprof, afirmou que o produtor rural deve ter conhecimento acerca do negócio no qual irá investir. A discussão continuou de forma democrática e o secretário da SEPN, José Carlos Reis, reclamou das universidades em geral, dizendo que elas deixam a desejar no compartilhamento e aplicação de seus conhecimentos junto as populações rurais.
Mas foram reconhecidos também alguns erros do governo no passado, como nos projetos de pupunha e pimenta longa, que apresentaram falhas de planejamento na cadeia de produtividade e por isso não foram pra frente. Os secretários afirmaram que o governo aprendeu com esses erros.
Na palestra do professor Raimundo Claudio, anterior ao debate, ele havia citado os exemplos de planos que fracassaram e também mostrou o contraponto, um projeto que virou sucesso que foi o da castanha do Brasil. E lembrou que o diferencial para o sucesso foi o estudo do mercado, que precisa conter informações sobre os custos e meios de produção, saber para quem vender, ter informações sobre os concorrentes e saber como comercializar.
Para finalizar o debate, Márcio Alécio, representante do Incra, reiterou a importância da discussão para a melhoria da prestação dos serviços às comunidades e também a necessidade da comunicação entre os órgãos do governo, demais instituições e sociedade, afim de avançar com os projetos de desenvolvimento. (IACO MARTINS)