O governador Tião Viana pode ter sido cáustico, duro em sua resposta às críticas do Governo de São Paulo sobre a questão dos imigrantes haitianos, mas era necessário que assim o fizesse por vários motivos.
Primeiro, porque procedem as afirmações de que as elites daquele estado são mesmo “preconceituosas”. Assim se comportaram ao longo dos tempos não só com estrangeiros, mas também com migrantes do próprio Brasil, como os nordestinos, que fugiam das secas para encontrar alguma chance de sobreviver naquele e outros estados do país.
Infelizmente, essas mesmas elites ainda não superaram essa atitude preconceituosa e, como alertou o governador, quem sabe até seriam capazes de fazer uma “higienização” étnica.
Mas, as críticas do governador se fazem necessárias, sobretudo, para chamar a atenção das autoridades e da opinião pública nacional sobre um grave problema que até então o Acre vem enfrentando, praticamente, sozinho e que é de responsabilidade de todos.
O Acre não acolheu e assistiu, na medida de suas possibilidades, cerca de 20 mil haitianos porque quis. Assim o fez por uma questão humanitária. Agora que o problema se apresenta também para outros estados era de se esperar o mesmo comportamento digno e, bravatas à parte, é isso que importa.