Este artigo é motivado pelas críticas que se escuta sobre o aprendizado e o uso da Língua Portuguesa. Muita gente acredita que não tem valor nenhum conhecer o idioma pátrio e utilizá-lo, corretamente, nos diferentes contextos da vida. Outras acreditam ser tarefa para os professores da área de Letras. Mas mesmo na área de Letras há os espaços das literaturas que não se debruçam nos melindres do idioma nacional. Assim, mesmo aquelas pessoas com formação em Letras possuem uma lacuna nesse campo do conhecimento.
Mas não esse ementário do campo das Letras que aqui se aprecia, mas sim o respeito e o valor que as pessoas não devotam ao idioma nacional, aquele que os faz cidadãos de uma pátria como o Brasil. É o bom domínio do idioma que estabelece a paz, a harmonia, os avanços e as conquistas de uma nação.
Sei que essa temática é ‘batida’, mas está sempre a merecer atenção, isso porque o domínio do idioma é fator importante para o sucesso e os avanços de uma nação em relação às outras no mundo. Cada povo cultiva o ‘domínio do idioma pátrio’ de forma peculiar, colocando-o no altar dos conhecimentos primordiais ou na dispensa da cozinha, guardado-o num canto como um tempero raramente utilizado.
E, aqui neste texto, realço o valor do idioma nacional na boa formação do cidadão brasileiro, como uma disciplina fundamental para a hegemonia da nação, o sucesso das profissões, a realização das pessoas no mercado de trabalho. Muitos estudiosos falam dessa importância, afirmando que o ensino de língua portuguesa é essencial para a formação do indivíduo Mas dizer isso por si só não é suficiente, é necessário mostrar qual o papel de uma língua nas relações sociais, políticas, religiosas, comerciais e de trabalho.
O ensino de Língua Portuguesa tem o intuito de preparar a pessoa para lidar com a linguagem, em situações diversas do cotidiano da vida. Ninguém vive na mudez, são as palavras, ou a utilização delas, pela linguagem, que vão traduzir ao outro tudo quanto a gente pensa, sonha, deseja, quer conquistar. Não é um jogo de adivinhação, mas de realização, de escolhas, de saber e conhecer o idioma para bem utilizá-lo com êxito. Nenhuma pessoa deseja ser alienada no campo do idioma nativo. Isso seria um absurdo, pois a linguagem é identidade, forma e lugar, como assegura o linguista francês Louis Hjelmslev.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais dizem que: O domínio da língua, oral e escrita, é fundamental para a participação social efetiva, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz conhecimento”. Por isso, ao ensiná-la, a escola tem a responsabilidade de garantir a todos os seus alunos o acesso aos saberes lin-guísticos, necessários para o exercício da cidadania, direito inalienável de todos”. (PCN, p. 15)
Então, os próprios PCN‘s mostram a importância do estudo de Língua Portuguesa na formação dos cidadãos brasileiros. Pois a linguagem, a pessoa a utiliza em todas as situações de seu dia. Com isso, será importante uma mudança política em relação ao ensino do idioma pátrio e ao papel do professor de Língua Portuguesa, profissional que poderá fazer uma diferença gigante no cenário de uma nação. É preciso olhar esse professor com atenção e carinho. É ele quem aponta o caminho para o sucesso das profissões, levando ao mercado de trabalho pessoas que manejam, com facilidade, o idioma pátrio para traduzir aquilo que eles aprenderam na escola ou na vida. É pelo bom uso da linguagem que se tem a eficiência do processo comunicativo e que se terá um país mais livre, capaz de fazer melhores escolhas políticas para sair do atraso educacional no qual se encontra mergulhado.
O Ensino de Língua Portuguesa, junto com os demais (Matemática, História, Ciências) é de fundamental importância para a mudança da realidade brasileira. Querendo ou não a pessoa que tem uma escolarização, ou seja, uma formação efetivamente boa, consegue se sobressair dos demais, conseguindo os melhores lugares no mercado de trabalho e, consequentemente, melhoria na vida social.
DICAS DE GRAMÁTICA
VALOR DO HÍFEM
Um hífen pode ser mais importante do que uma partida de futebol. Vejam exemplos:
a) Extrema-direita e extrema-esquerda são posições no futebol.
b) Na política, um deputado de extrema direita ou um vereador de extrema esquerda não precisam do famoso traço.
EVITE A CACOFONIA.
A expressão ‘Por cada’ é um cacófato que lembra porcada. Então do lugar de por cada voto diga ou escreva: por voto. No lugar de ‘por cada dia de trabalho’, diga: por dia de trabalho.
OBRIGADO E OBRIGADA?
É assim:
* O homem ao agradecer deve dizer obrigado.
* A mulher ao agradecer deve dizer obrigada.
* Obrigada confrade Renã Pontes por ocupar este espaço pelas semanas em que estive na Europa.
* Luísa Galvão Lessa – É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montréal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Membro da Academia Acreana de Letras; Professora Visitante Nacional Sênior – Capes.