O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou, em uma fazenda na zona rural de Tarauacá, um grupo de 55 trabalhadores em situação semelhante ao de trabalho escravo. A notícia é forte, sim. Impactante, sim. Entristecedora, sim. Mas não chega a ser nenhum tipo de surpresa.
Este não foi o primeiro caso e certamente não será o último que vamos ouvir falar de trabalho análogo ao regime de servidão em terras acreanas e vizinhas. Nossas terras são gigantescas. Aquém da capacidade dos órgãos competentes do poder de fiscalização.
Desde os primórdios de habitação no Acre temos o costume vil de escravizar. De burlar leis e inventar sistemas próprios, forçados a serem seguidos longe dos olhos do restante da civilização. Fora dos limites de humanidade. Seja pelo que fizemos com os índios ou seja pelo que sofreram os seringueiros.
Só que esta carga histórica não pode servir de justificativa para macular o presente. O passado é passado, e não protege ninguém nele. Nem serve de prerrogativa para novos erros. Essa é uma prática que precisa ser erradicada.
A pecuária acreana não pode ser taxada de ‘escravizadora’. Uma categoria inteira de gente trabalhadora não pode pagar os pecados de alguns. Mas quem erra, tem que ser punido. E só R$ 166 mil é pouca penalização.