Tenho dedicado maior parte da vida à Educação Superior no Estado do Acre. Do magistério fiz um sacerdócio, exercitando-o com amor, dedicação, paciência, orientações firmes, ensinamento profundo, jeito amigável, sem autoritarismo, construindo uma ponte entre o ensino e a aprendizagem. E tem dado muito certo, porque se tem alcançado êxito com os estudantes e professores, incutindo-lhes o amor pela ciência da linguagem, em especial pelo idioma pátrio, que todo cidadão brasileiro deve dominar para o sucesso na profissão.
E, no decorrer dos anos, com as mudanças operadas no mundo, compreendi, há bastante tempo, que a internet modificou a forma de ensinar e de aprender, tanto nos cursos presenciais como nos de educação continuada, à distância. A presença regular do professor em sala de aula só faz sentido quando há amor, determinação, vontade de ensinar, respeito ao aluno e ao magistério. Esse encontro de professor e aluno, em sala de aula, só vale a pena quando a aprendizagem é maior estando os dois juntos. Se isso não acontecer não valerá os encontros diários. Hoje, muitas formas de ensinar não mais se justificam. O mundo mudou, a vida mudou, não se pode perder tempo com listas de presença, com desatenção de alunos, com aulas sem motivação e no ensinamento de valores que não são praticados na família, na sociedade.
Entendo, ainda, que as mudanças na educação dependem muito dos alunos. Alunos curiosos, motivados, facilitam enormemente o processo, estimulam as melhores qualidades do professor, tornam-se interlocutores lúcidos e parceiros de caminhada do professor-educador. Quando se têm alunos apáticos, silenciosos, dispersivos, algo está errado. Então, ao perceber isso o professor deve buscar alternativas para o reencontro com a aprendizagem, despertar no aluno a sede do conhecimento e do saber.
Tenho conversado com alunos que dizem odiar o curso superior que fazem. Na verdade esses alunos estão desmotivados, decepcionados com os professores, com o sistema universitário que pouco tem evoluído diante de tanta modernização no mundo globalizado. O estudante e o professor precisam entrar no circuito do século XXI, aproveitar as oportunidades que são maravilhosas. Deixá-las passar em branco é algo absurdo. Igualmente, repetir fórmulas de séculos anteriores conduzem os estudantes ao tédio, a odiarem os cursos. Não é culpa dos conteúdos, mas de quem os ministra de modo arcaico, sem amor, sem compromisso, sem interesse em socializar e compartilhar conhecimentos. Ninguém deseja estar num ambiente assim, o jovem tem ânsia de conhecer o novo, sentir-se personagem importante nesse mundo de tantas oportunidades e com imensas novidades no campo educacional. Alunos motivados aprendem e ensinam, avançam mais, ajudam o professor a ajudá-los melhor.
Então, é hora de modificar a forma de ensinar e de aprender. Um ensinar mais compartilhado, orientado, coordenado pelo professor, mas com profunda participação dos alunos, individual e grupalmente, onde as tecnologias terão papel importante na mudança de cenários no quadro educacional do país.
Entendo que o grande mote atual é conciliar a extensão da informação, a variedade das fontes de acesso, com o aprofundamento das áreas do conhecimento, em espaços menos rígidos, menos engessados. Tem-se, hoje, informações demais e dificuldade em escolher quais são mais significativas para os alunos integrá-las dentro de suas vivências. E o papel do professor – o papel principal – é ajudar o aluno a interpretar esses dados, a relacioná-los, a contextualizá-los na vida.
Então, de um professor, espera-se, em primeiro lugar, que seja competente na sua especialidade, que conheça a matéria que ministra e que esteja atualizado. Em segundo lugar, que saiba comunicar-se com os seus alunos, motivá-los, explicar o conteúdo, manter o grupo atento, entrosado, cooperativo, produtivo. Entrar e sair de sala de aula sem saber o nome dos alunos é algo inconcebível. Deixá-los desmotivados para o curso de escolheram é algo imperdoável a um educador que se respeite.
O professor deve ser um facilitador, aquela pessoa que ajuda o aluno a avançar no processo de aprender. Por isso as mudanças na educação dependem, em primeiro lugar, de o país ter educadores maduros intelectual e emocionalmente, pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam motivar e dialogar. Pessoas com as quais valha a pena entrar em contato. Pois os grandes educadores atraem não só pelas ideias que carregam consigo, mas também pelo contato pessoal. Dentro ou fora da aula chamam a atenção. Há sempre algo surpreendente, diferente no que dizem, nas relações que estabelecem com os alunos. É esse conjunto que enriquece o processo educacional, tornando-o fascinante aos olhos de quem ensina e de quem aprende.
Nesse contexto, deve-se educar para a autonomia, para a liberdade, usando da autonomia e da liberdade. Assim, uma das tarefas mais urgentes é educar o educador para uma nova relação no processo de ensinar e aprender, de forma mais mais aberta, participativa, respeitosa do ritmo da cada aluno, das habilidades específicas de cada ser que está diante dele em sala de aula.
Por fim, entendo que educar é colaborar para que professores e alunos – nas escolas e organizações – transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem. É ajudar o aluno na construção da sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional. É ajudá-lo no seu projeto de vida, no desenvolvimento das habilidades de compreensão, emoção e comunicação capazes de lhe permitir encontrar o espaço pessoal, social e de trabalho, para assim o aluno se tornar um cidadão realizado, produtivo e feliz.
DICAS DE GRAMÁTICA
COMO USAR AS FORMAS VER/VÊ; DAR/DÁ; LER/LÊ; ESTAR/ESTÁ? COMO EMPREGAR CORRETAMENTE OS SEGUINTES VERBOS: VÊ, VER, ESTAR E ESTÁ? QUANDO SE DEVE ESCREVER ESTÁ OU ESTAR?
Assim:
– Deve-se usar o acento gráfico quando se emprega os verbos ver, dar, ler e estar na terceira pessoa do singular do presente do indicativo, caso em que ele estará sozinho, sem outros verbos de apoio:
– Ela vê tudo com bons olhos.
– Ana Maria dá suas receitas para todos.
– Você está bem?
– Ele lê dois livros por mês.
– Devem-se usar os verbos com –r final quando eles estão em uso infinitivo:
Dar aulas é bom. A professora dá (ela, a professora) aulas diárias.
Ler é uma forma de viajar. Os estudantes devem ler bastante, por isso Franco lê (ele lê) bons livros.
Ver a cidade do alto da torre é paisagem bonita. Maria vê (ela vê) de sua casa uma vista do rio.
* Luísa Galvão Lessa – É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montréal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Membro da Academia Acreana de Letras; Professora Visitante Nacional Sênior – Capes.