A violência doméstica, no seu grau mais extremo, gera crimes covardes e que chocam as pessoas. Só que eles não são isolados. Não é algo que simplesmente acontece pela primeira vez. É fruto de repetições. De um homem, em geral, que se acostumou a ‘colocar moral’ no seu lar de uma forma machista e bem deturpada. E de uma mulher que vai aceitando isso.
O medo e desconhecimento são os grandes vilões de tudo. Medo porque isso que as agressões tendem a causar no psicológico das vítimas. Elas temem perder tudo: o lar, o casamento, os filhos, e até a vida. E desconhecimento porque muitas das mulheres e crianças vítimas não se dão conta desta condição. Não sabem distinguir os limites entre o diálogo e a agressão. E justo no âmago da ignorância que floresce a violência que destrói um lar.
Mas o pior não é o conformismo que vem de dentro de casa. O pior é a aceitação social que dão para os casos. Aceitação que parte daquela vizinhança que sabe o que acontece na casa das vítimas, e não faz nada. Daquela escola que ignora sinais de violência que o aluno reproduz do pai. Daquela família que vira as costas achando que marido e mulher devem se entender.
No fim das contas, quem não intervém se torna complacente.