Dois acusados de participar da morte do agente penitenciário, Anderson de Albuquerque Guimarães, 30 anos, executado com seis tiros quando chegava em casa, no último dia 3, foram apresentados ontem, 11. De acordo com a Polícia Civil, a ordem para matar Anderson partiu do presídio, embora descarte a existência de facções criminosas.
O suspeito apontado como autor dos disparos, Diemerson de Souza, 22 anos, foi preso na terça-feira, 10, no bairro Caladinho. O outro suspeito, Cláudio Martins, conhecido como ‘Barrão’, foi preso nesta quarta-feira, 11, quando saía do presídio. As investigações apontam que Barrão teria fornecido a arma e indicado a vítima. Ele cumpre pena no regime semi-aberto há seis meses por associação ao tráfico de drogas.
De acordo com o delegado Alcino Loureiro Júnior, o que pode ter motivado a execução do agente foi um suposto desprestígio por parte dos presos. “A investigação está no início, mas pelo que tem sido ventilado, seria um suposto desprestígio, detentos que acham que não estão sendo bem tratados, algo do gênero. Temos mais 20 dias para concluir o inquérito. A princípio, a ordem partiu do presídio, mas precisamos avaliar se são circunstâncias pessoais ou se há outro tipo de situação”.
De acordo com a polícia, um carro modelo Ford Escort azul escuro foi usado no momento da fuga. Outros dois suspeitos estão sendo investigados e devem ser indiciados no inquérito.
O secretário de Segurança Pública, Emylson Farias, esclarece que o Estado será intolerante com este tipo de crime. “Essa é uma resposta dura e pronta. Vamos ser implacáveis e intransigentes com qualquer situação que coloque em xeque a sociedade acreana”. (Foto: Odair Leal/ A GAZETA)
Acusados juram inocência
Durante a apresentação à imprensa, Diemerson de Souza afirmou ser inocente e alega não saber nada sobre o crime. “Eu não sei de nada. Eu sou inocente, porque não tenho participação no crime. Eu tenho como provar que não participei da morte de ninguém. Mas, quando a polícia acusa alguém, eles não voltam atrás, senão perdem o cargo deles. Quando apontam, é isso e pronto, mas na frente do juiz, na hora de provar, fica desmoralizado”, diz.
O outro suspeito se negou a prestar esclarecimentos e disse que só falaria em juízo.
Crime foi planejado, aponta PC
Anderson Albuquerque atuava há seis anos como agente penitenciário e trabalhava na Unidade de Recolhimento Provisório (URP), do Presídio Francisco D’Oliveira Conde. Durante a coletiva, o delegado Alcino Loureiro Júnior confirmou que a morte do agente foi planejada. “As investigações apontam que os criminosos planejavam há pelo menos uma semana o crime”.
No dia do crime, o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Acre (Sindap-AC), Adriano Marques, levantou essa questão e afirmou, já ter, inclusive, uma suspeita. “Há algum tempo, um cidadão do bairro dele foi assassinado e acharam que ele teria sido o autor do crime. Mas o Anderson era completamente inocente dessa situação. Por conta disso, ele disse que tinha atenção redobrada e já tinha feito um boletim de ocorrência informando que estava sofrendo ameaças de morte”, explicou Marques.
Hipótese descartada pela Polícia Civil que chegou a ser investigada, mas, que não se confirmou a relação entre as mortes.
Quarto agentes mortos em menos de um mês
Além de Anderson, outro agente penitenciário foi morto também a tiros, este ano. Edmilson Freire foi assassinado no dia 30 de janeiro, com seis tiros na cabeça, dentro do banheiro de sua casa, localizada no Conjunto Universitário, em Rio Branco. Kelly Tavares, de 22 anos, foi apontada como autora do crime.
Outro agente foi encontrado morto dentro de um córrego, próximo a casa dele, na estrada Apolônio Sales, no dia 21 de janeiro. Na véspera, ele teria tomado uma grande quantidade de remédios para dormir. Segundo familiares, Abraão lutava contra o vício de drogas e estava afastado do trabalho para tratamento.
Já o agente penitenciário Wilker Gama de Souza, 35 anos, morreu após ficar internado por mais de duas semanas, no Huerb, depois de sofrer um acidente de moto na estrada de Senador Guiomard.