Um exemplo de como a classe política desceu a degraus tão baixos neste país foi dado ontem pelo presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha, que, ao ser denunciado por um empreiteiro de ter extorquido e recebido propina de cinco milhões de dólares declarou que romperia com o Governo, ao qual seu partido, o PMDB, é da base de sustentação.
Aliás, há algum tempo que esse deputado vem aprontando todo tipo de falcatruas, como ocorreu recentemente quando, na calada da madrugada, reverteu o resultado da votação que a Câmara havia tomado sobre a questão da maioridade penal. E, agora, com mais esta decisão, mostrou de novo o seu caráter venal, oportunista e inescrupuloso.
O que surpreende e indigna é como um político da pior espécie chegou a presidente da segunda ou mesmo primeira casa legislativa mais importante do país e conta com o apoio de uma ampla maioria para praticar todo tipo de chantagens e outras patifarias, ameaçando inclusive um golpe contra as instituições para jogar o País numa crise institucional, de consequências imprevisíveis.
Na verdade, não surpreende, porque não é à-toa que, em qualquer pesquisa que se faça, a classe política sempre aparece em último lugar no pior conceito da opinião pública, resguardando-se, evidentemente, as poucas exceções.