Num certo dia do passado, em algum lugar, fazia minha sesta após o almoço, quando repentinamente ou de modo súbito a casa ficou sem energia elétrica. Minutos depois quando saí para as minhas obrigações docentes, ao chegar ao portão da casa, recebi a “boa nova” por um jovem que junto com outros, matavam o tempo à sombra duma pequena árvore: “Professor cortaram a sua luz!” (sic). Olhei de soslaio para os jovens e respondi: Depois eles religam!
Este acontecimento reflete o quanto as pessoas do presente século vivem de olho na vida alheia e do que é alheio. Não é à toa que, mundo afora, milhões de pessoas gastam um bom dinheiro nas bancas de revistas; dedicam mais tempo ainda, com a mídia eletrônica, tudo com o fito de viver mais bem informado. Ocorre que a maioria, por não possuir massa crítica, despende seu tempo e dinheiro, pelo simples valor do entretenimento de ver, com antecedência, as fofocas sobre as “celebridades” e quanto mais bizarras essas fofocas, melhor. Não fora pela excessiva curiosidade da “macharada” e de algumas homoafetivas essas revistas de nudez explícita e de ensaios sensuais de homens e mulheres estariam fadadas ao lixo. Se bem que, a farta exposição de quase todas as ditas “celebridades” daqui e do mundo todo, estão aí para quem quiser ver, nas redes sociais. Tem de tudo: da Thammy Miranda à Catherine Deneuve (A Bela da Tarde).
No passado, bem recente, editores talentosos ofereciam coletâneas fascinantes de contos antigos e novos, que entretinham enquanto enriqueciam a alma. Na cultura pós-moderna os vândalos, mascarados de inovadores da cultura da teledramaturgia e outras pseudo-s artes cênicas, apontam para atratividade física, o sucesso material e a realização individual, numa emulação sem precedentes. Nas novelas, e outras produções de igual teor e baboseiras, pontificam os perigos plásticos dos ricos e bonitos e uma exagerada veneração ao dinheiro, ao sexo irresponsável, ao poder, aos bens de consumo e a fama. Custe o que custar! O público, composto na sua grande maio-ria de telespectadores que não tem o que comer, mas que possui aparelho de TV em casa, passa a endeusar os “atores” num verdadeiro culto à fama. “Atores” que na sua maioria são desprovidos de princípios éticos minimamente exigidos. Aliás, a televisão brasileira a partir do fim da tarde só atende três linhas de programação: Num horário é abordada a violência urbana; depois é só novela e; mais tarde pontificam os programas de auditórios. Não tem para onde correr.
Esta é uma situação em que a existência humana se distância de si, esconde a si mesma sua possibilidade própria e se abandona ao modo de ser anônimo. É um estado em que o homem que se caracteriza pela curiosidade que, inevitavelmente leva ao equívoco.
Outra coisa que chega ser irritante é o “forçar de barra”que a imprensa burlesca descarrega sobre certos “personagens”. O Neymar, é um caso típico dessa comicidade: diz-se por aí que este rapaz traçou a sicrana, também a beltrana. Sejamos razoáveis: quem está interessado na vida promíscua do Neymar? O pior é que a maioria está siiim. “Ó” de meninas querendo ser traçadas pelo Neymar, só para aparecer no mundo midiático.
Sabe, leitor, acho que sou extremamente obtuso para andar preocupado com notícias bizarras ou mesmo com declarações de alguns bam-bam-bam’s da pós-modernidade. Entretanto, confesso que o meu lado curioso está aguçado, ansioso mesmo para ouvir uma explicação plausível de como se deu essa riqueza relâmpago do filho do ex-presidente Lula. Um jovem de vida simples que enriqueceu em pouco tempo de forma fenomenal. Tenho, também, a curiosidade de saber os porquês dos nobres deputados federais e senadores pelo Estado do Acre, até aqui, não terem seguido o exemplo da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) que representou junto ao Ministério Público Federal (MPF) a suspensão da cobrança da bandeira (vermelha) tarifária em todo o Amazonas.
O juiz Ricardo Sales da 3ª Vara Federal decidiu suspender a cobrança na conta de luz dos amazonenses. Por que, hein?
Tenhos outras curiosidades, umas elevadas ao quadrado. No entanto, devo moderar minha curiosidade, pois que, já diziam os antigos: curiosidade mata!
*Pesquisador Bibliográfico em Humanidades.
E-mail: [email protected]