O mês de setembro nos proporcionará um evento astronômico imperdível se as condições climáticas permitirem a sua observação. Começando na noite de 27 de setembro e terminando nas primeiras horas da madrugada de 28 de setembro próximo, um eclipse total da Lua poderá ser observado em todas as regiões do Brasil. Um eclipse lunar é visível a olho nu, não causa problema algum à visão e é um evento astronômico bonito de ser visto.
Existem outros fatos interessantes sobre esse eclipse lunar. No dia 27 a Lua, na fase cheia, estará no perigeu, a posição de sua órbita mais próxima à Terra, quando será observada maior, uma Super-Lua. Nesse dia, a Lua estará na posição mais próxima à Terra em todo o ano de 2015, e, portanto, será a Super-Lua de 2015! Essa Lua cheia também será uma Lua de Sangue porque representará o quarto eclipse de uma tetrada lunar, que é uma sequencia de quatro eclipses lunares totais que ocorrem num intervalo de seis meses lunares entre cada um deles. Então, começando no dia 27 e se estendendo até o dia 28 de setembro, ocorrerá o eclipse total de uma Super-Lua de Sangue!
A Super-Lua: a passagem da Lua pelo perigeu ocorrerá em 28 de setembro a 1h46min UT, onde UT é o tempo universal. Esse horário corresponde às 22h46min do dia 27 de setembro no horário de Brasília (UT-3), às 21h46min no de Cuiabá (UT-4), e às 20h46min no de Rio Branco (UT-5). O melhor horário para observar uma Super-Lua é quando ela está próxima ao horizonte, quando podemos compará-la a objetos próximos e ela nos parece maior. Observá-la no horizonte quando ela passa pelo perigeu é o ideal, mas isso dificilmente acontece. Mas, ao se aproximar ou, ao se afastar do perigeu, a sua dimensão angular aparente fica maior. Na observação da Super-Lua os habitantes do Acre estarão favorecidos, mas o espetáculo será visível em todo Brasil. É só buscar a Lua do lado leste no começo da noite. Se não for possível observá-la nesse horário, deve-se tentar a madrugada de 28 de setembro quando ela estiver se pondo do lado oeste. Ela ainda terá um diâmetro aparente maior que o habitual.
O eclipse lunar total: um eclipse lunar total ocorre quando o Sol, a Terra e a Lua ficam alinhados no espaço com a Terra posicionada entre o Sol e a Lua e a sombra que a Terra projeta no espaço encobre totalmente a Lua.
Um eclipse lunar total é precedido por um eclipse penumbral, quando a Lua entra na penumbra, parte mais clara da sombra da Terra. Posteriormente, há um eclipse parcial quando a Lua entra na umbra, região mais escura da sombra da Terra, e parece estar “mordida”. Na totalidade a Lua fica completamente encoberta pela umbra, porém, ela não fica totalmente escura, mas, com uma cor avermelhada. Isso ocorre porque a atmosfera terrestre se estende muito além da superfície do nosso planeta e um anel circular de atmosfera permanece ao redor da Terra durante o eclipse lunar total ; essa atmosfera filtra e refrata os raios de Sol o que faz com que os raios de cor vermelha atinjam a Lua. A totalidade desse eclipse deverá durar 72 minutos. Após a totalidade haverá um novo eclipse parcial quando a Lua começará a deixar a umbra, e, por fim, ocorrerá outro eclipse penumbral. No eclipse penumbral a Lua apenas diminui o seu brilho. De difícil percepção, o horário do início e término do eclipse penumbral já não costuma ser divulgado na mídia. Mas, para os que se interessam pelo assunto o seu horário também é apresentado abaixo.
27 – 28 de setembro
Brasília Cuiabá Rio Branco
(UT – 3) (UT – 4) (UT – 5)
Início do Eclipse Penumbral 21h12min 20h12min 19h12min
Início do Eclipse Parcial 22h07min 21h07min 20h07min
Início do Eclipse Total 23h11min 22h11min 21h11min
Máximo do Eclipse Total 23h47min 22h47min 21h47min
Fim do Eclipse Total 0h23min 23h23min 22h23min
Fim do Eclipse Parcial 1h27min 0h27min 23h27min
Fim do Eclipse Penumbral 2h22min 1h22min 0h22min
Nota 1: As informações do texto foram obtidas utilizando programas desenvolvidos por Fred Espenak da NASA.
Nota 2: Lua ou lua? Diferente dos textos comuns, nos de Astronomia a Lua, a Terra e o Sol são nomes próprios e escritos com letra maiúscula. Eu posso escrever, por exemplo, “a lua é dos namorados”, mas, devo escrever “a Lua é o único satélite natural da Terra”. Há que se ressaltar que Lua é a grafia usada em livros de Astronomia e na maioria dos livros de Ciência que tratam do assunto. Então, eu não posso escrever superlua. Por isso usei Super-Lua neste texto.
* Telma Cenira Couto da Silva, doutora em Astronomia (IAG – USP) e professora aposentada da UFMT