A sociedade assistiu ontem, incrédula, um grupo de manifestantes que invadiu o plenário da Câmara dos Deputados, enfrentou os seguranças da Casa, quebrou portas e alguns de seus porta-vozes subiram à tribuna pedindo a intervenção militar e um general para comandar o país.
Alguém poderia argumentar que se trata de um grupo insignificante, minoritário, não representativo. Pode até ser, tomara que seja e devem ser identificados e punidos.
Contudo, convém lembrar que nas grandes manifestações realizadas em São Paulo e outras capitais, que pediam o impeachment da presidenta da República, centenas desses mesmos manifestantes se misturaram à alta classe média idiotizada, medíocre e egoísta, insatisfeita com a crise econômica, que não permitia que viajasse a Miami e outros destinos turísticos.
Na verdade, segundo os analistas, este tipo de manifestação poderá aumentar, na medida em que o atual Governo, imposto pelo impeachment ou golpe parlamentar, se mostra incapaz de resolver os graves problemas econômicos e políticos do país.
Por outra, não foi por falta de aviso. Analistas políticos, juristas, intelectuais vinham alertando que não se quebra, impunemente, a ordem institucional e as consequências, mais cedo ou mais tarde, acabam surgindo, como se viu ontem.