O lazer de muito jovens se transformou em tragédia, no Rio Acre. É comum, nessa época do ano, principalmente aos finais de semana, o manancial que corta Rio Branco receber lanchas e motos aquáticas. Neste domingo, 15, uma colisão causou a morte da jovem Bárbara Bruna Bezerra Bispo, 23 anos, que estava grávida de um mês e tinha um filho de quatro anos. O enterro ocorreu às 16h horas desta segunda-feira, 17.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, ela estava pilotando a moto aquática que se chocou contra uma lancha. O acidente ocorreu em frente à bandeira do Acre, que fica na Gameleira. O veículo usado por Bruna ficou totalmente destruído.
Já, segundo testemunhas, foi a lancha que atingiu o a moto em que Bárbara estava. Existem também relatos de que a lancha estava fazendo manobras perigosas, além de estar em alta velocidade.
Após o acidente, a vítima foi socorrida pelas pessoas que se encontravam na referida lancha e levada ao local onde se guarda barcos, conhecido marina, para aguardar a chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Ao chegar no local, a equipe de paramédicos realizou todos os procedimentos para estabilizar a jovem, mas devido ao traumatismo craniano encefálico, com perdeu massa encefálica e fratura expostas em uma das pernas, Bárbara morreu no local.
Uma testemunha, que preferiu não se identificar, disse que um grupo de pessoas estava desde a tarde de domingo fazendo manobras em alta velocidade no rio, passando, inclusive, próximo à margem do manancial.
No momento do acidente, havia pouca iluminação. O local não conta nenhuma fiscalização. E durante o momento de lazer, muitos consomem bebidas alcoólicas, além de outros não possuírem autorização para utilizarem essas embarcações.
Perícia na marra e veículos envolvidos no acidente foram apreendidos pela PC
O local para onde foram levados veículos teve com os portões fechados após o acidente. Os peritos impedidos de realizar o trabalho da perícia e apenas com a chegada de uma guarnição da Polícia Civil foi que os trabalhos ocorreram.
Situação confirmada pelo delegado da Polícia Civil, Roberth Alencar que também destacou que as informações estão sendo colhidas desde o momento do acidente.
“O dono do estabelecimento barrou a abordagem aos envolvidos no acidente. Num momento posterior, chegamos os veículos envolvidos, mas as pessoas não estavam mais lá”, comentou.
Para esclarecer os fatos que levaram ao acidente, o delegado pretende ouvir 15 pessoas.
“Os veículos envolvidos foram apreendidos. Temos a confirmação de que a jovem não era habilitada. Apenas o dono do veículo, que ao permitir que a jovem conduzisse o veículo já cometeu um crime previsto no 310 no Código de Trânsito Brasileiro”, completou.
Fiscalização
Quem frequenta o Calçadão da Gameleira percebe o perigo. De acordo com o ambulante José da Silva, aos domingos é possível contabilizar até 20 motos aquáticas e pelos menos quatro lanchas.
“É bonito de ver as manobras, mas preocupante também, por que o espaço é estreito no rio e todo final de semana, aumenta a quantidade de pessoas nas lanchas. Tem dia que vemos crianças pilotando e fazendo manobras”, confirmou.
Uma pessoa que não quis se identificar, confirmou que estar no Rio Acre em uma lancha ou moto aquática a noite é bastante perigoso, pela falta de iluminação. “Experimentei uma vez. Realmente não se vê nada”, confirmou.
A capital do Acre é uma das poucas capitais que não contam com posto da Marinha para cobrar as regras que devem ser cumpridas para transporte fluvial.
Em Rio Branco, pela falta de posto da Marinha, parte do serviço é feita por equipes do Corpo de Bombeiros. O que não é o caso da fiscalização. De acordo com o major da corporação, Antônio Marcos Velaquez, explica que ações são realizadas na parte educativa e preventiva.
“Informamos as pessoas que fazem uso desses veículos que usem colete salva vidas. E durante o tráfego noturno é obrigatório alguns equipamentos que possibilitem essa navegação”, destacou o major.
Marinha do Brasil encaminhou uma equipe para investigar as causas do acidente
Apesar de já ser de conhecimento da Marinha do Brasil a necessidade de uma agência fluvial em Rio Branco, não existe previsão para a instalação de uma, por falta de verba para construção da capitania.
Enquanto isso, uma equipe da Agência Fluvial de Boca do Acre já está na capital para investigar as causas do acidente.
O sargento Luciano Caetano, encarregado da segurança do tráfego aquaviário da região, disse que o órgão foi informado do acidente por volta das 23h de domingo (15) e que dados serão colhidos dados idente para que seja aberto um inquérito administrativo.
“Semana passada também houve um acidente em que uma canoa virou na capital acreana e uma equipe passou dois dias no local. Quando acontece um acidente nem sempre a equipe está no local no momento, mas sempre deslocamos viaturas e outras embarcações para atender a sociedade e fiscalizar”, afirmou.
Caetano explica em dezembro uma equipe esteve em Rio Branco realizando fiscalizações, mas que não é possível fazer isso periodicamente. “Isso ocorre de forma esporádica e fazemos um programa anual para deslocar as equipes de três a quatro militares até esses locais. Nossa área é muito grande, então, não podemos estar todos os dias em todos os locais”, justificou.
Atualmente, Rio Branco dispõe de duas escolas náuticas credenciadas pela Marinha que fornecem cursos para arrais amador, onde os condutores ficam aptos a conduzir embarcações nos limites da navegação no interior do estado.
“Essas unidades entram em contato com a gente e nos deslocamos até Rio Branco para a aplicação de prova e habilitar as pessoas”, explica.
Através de seu advogado, Gringo Soster diz que vai se pronunciar posteriormente sobre o acidente
O empresário Gringo Soster, até o fechamento desta edição, não se pronunciou a respeito do acidente. A lancha envolvida no caso pertence a ele e de acordo com informações de testemunhas ele mesmo conduzia o veículo.
A polícia informou que o empresário prestou o socorro à vítima instantes após o acidente. De acordo com o advogado de defesa de Soster informou que vai se posicionar posteriormente.