Os filósofos Karl Marx e Friedrich Engels gostam de nos lembrar a todo instante que “tudo que é sólido se desmancha no ar”, porém para vivermos lucidamente na sociedade de hoje precisamos nos ancorar em algumas verdades e uma delas é de que as boas amizades resistem e se renovam mesmo com o passar dos anos. O tempo, com sua expertise em nos afastar das pessoas e dos sentimentos que as envolvem, ainda não deu conta de destruir o que é verdadeiro.
Muitos de nós temos boas histórias para contar sobre amigos de longas datas, de nem tão longas assim, são histórias que revelam que é possível haver parceria duradoura, generosidade, companheirismo, reciprocidade entre um grupo de pessoas que se entende e se respeita. É muito saudável para a sociedade atual que consigamos manter bons relacionamentos, uma vez que a ideia de globalização nos leva a cada canto do mundo por meio da internet e de suas redes sociais, mas nos priva, por culpa só nossa, de sabermos o nome do nosso vizinho de porta. Hoje, a ostentação de participarmos de grupos presenciais com bons amigos é algo que deve ser ensinado conscientemente às crianças, pois elas estão desaprendendo a manter o olho no olho que revigora, o abraço que consola, o sorriso que transmite amor.
Quantos de nós não somos cheios de amigos virtuais, mas continuamos sozinhos? É preciso coragem para compartilhar sua vida com pessoas de verdade, é necessário exortarmos a nós mesmos em busca de pares que dividam conosco o que temos de melhor e contribua com a evolução daquilo que não é tão bom assim. Ter bons amigos, sermos bons amigos não deveria ser motivo de matéria de jornal ou de reflexão, mas ser algo natural, quase displicente, pois quanto mais dividimos presença, somamos afeto.
Naturalmente, sem preconceitos, os bons amigos se reconhecem e se permitem encontros e reencontros e vão ao longo da vida acumulando histórias, economizando lágrimas, fazendo planos, perpassando gerações. Às vezes, as amizades são tão mais presentes em nossas vidas que fazem por nós mais que os que têm o forte laço do sangue. Sentir orgulho de ter amigos leais é um dos poucos orgulhos que se justifica nesse mundo, pois é muito bom poder dizer “Keep Calm, porque são só 20 anos, 30, 40…”
Nayra Claudinne Guedes Menezes Colombo é professora, servidora pública, mestre em Letras.
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