Mesmo dando demonstrações de cansaço e, sobretudo, desiludida com tantas patifarias, a sociedade brasileira deve acompanhar a intensa movimentação nesses dois dias em Brasília, quando a Câmara dos deputados deverá votar amanhã pela admissibilidade ou não da denúncia de corrupção contra o presidente Michel Temer, feita pela Procuradoria Geral da República.
Por si só, já se trata de um fato grave e inédito: um presidente da República ser acusado, com provas consistentes, por corrupção. E mais denúncias ainda deverão ser apresentadas pelo mesma Procuradoria, estas por obstrução à Justiça e por formação de quadrilha.
Contudo, pelo que se assistiu nas últimas semanas, a movimentação do presidente da República e de seus principais ministros ou comparsas é também intensa para conseguir os votos necessários pela não aceitação da denúncia.
E pelo que foi amplamente denunciado, isso está sendo feito através de um “balcão de negócios”, pelo qual o Governo está angariando os votos com a liberação de emendas parlamentares, somando bilhões de reais. Ou atendendo pedidos e chantagens por cargos. Ontem mesmo se denunciava que as chamadas “bancadas da bala, do boi e da Bíblia” aumentaram a pressão sobre o Governo nos últimos dias.
Em resumo, é neste contexto de mais corrupção, que se vai decidir o futuro do país.