BRUNA LOPES
Ainda sobre a visita do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac), José Adriano Ribeiro da Silva, ao jornal A GAZETA ocorrida na última terça-feira, 21, ele fez alguns apontamentos a respeito da expectativa do que o empresariado espera para o inverno amazônico, onde as chuvas aumentam e provocam estragos.
Na ocasião, ele aproveitou para comentar sobre o relatório técnico fruto de uma viagem pelos mais de 600 quilômetros que ligam Rio Branco à Cruzeiro do Sul, pela BR-364, em setembro deste ano.
O documento produzido foi enviado aos órgãos competentes, parlamentares acreanos, senadores e Ministério dos Transportes. “Fomos confundidos com ações politiqueiras. Precisei responder tanto ao senador Jorge Viana, como para o Gladson Cameli a minha proposta. Eu penso como instituição e fui o mais imparcial possível”, ressaltou o presidente.
“Nós conhecemos a realidade. A população precisa da BR. A rodovia não pode mais ser tratada como palanque político. Ela tem que ser vista como um ativo da sociedade. O nosso relatório técnico com o apoio de imagens, apontou poucos equipamentos, pouca sinalização na estrada, pontos críticos que precisavam ser tratados imediatamente. Inclusive, nos colocamos a disposição para conversar com o governo e tratar desse assunto com união”, ressaltou José Adriano.
Esse tipo de ação feita pela Fieac é uma obrigação enquanto Federação, apontou José Adriano. “Já que o desenvolvimento passa pela logística. Então estamos acompanhando desde a Ponte do Madeira até as infraestruturas que o Estado promove”.
Ainda sobre a BR-364, o presidente da Fieac ressaltou que o objetivo dessa ação é evitar que a rodovia feche e comunidades inteiras, além do comércio sofra com o isolamento.
Na época da divulgação do relatório, José Adriano falou que foram detectados mais de 50 pontos críticos ao longo da BR-364 que precisavam de reparo urgente. Entre os quais, são considerados mais preocupantes trechos deteriorados próximos às cabeceiras de pontes, como a de Tarauacá, por exemplo, onde uma erosão ocorrida há cerca de dois anos causou o estreitamento da pista. Para piorar, não há nenhuma sinalização no local para orientar os motoristas do risco de acidente.
“O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) tem uma equipe qualificada e competente, mas são poucos homens para acompanhar o andamento das intervenções. Nos preocupa o subdimensionamento tanto de operários como de equipamentos. São seis frentes que deveriam estar no trecho e não encontramos esses equipamentos lá”.
Ao relembrar toda polêmica envolvendo a viagem, o presidente disse que foi perguntado se a rodovia ia fechar. “Fui enfático ao dizer que sim. Caso nenhuma providência fosse tomada. Na ocasião, o Dnit falou que nossa visita foi injusta. Porém, o contrato foi assinado em dezembro de 2016, nós fizemos a viagem de diagnóstico da BR em setembro de 2017. Então para qualquer empresa que entra tem que aproveitar o verão. A injustiça não se justifica”, completou.
O que mudou desse período para cá? Que garantia a sociedade tem de que a rodovia não vai fechar?
“Nós sabemos que vai ter dificuldade com o tráfego, visto a intensidade das chuvas e a subida rápida do lençol freático. Afinal, trata-se de uma bacia sedimentar, então a infiltração é natural. O que resta é afastar o lençol freático e a umidade da BR. Mas, para amenizar os efeitos dessa ação da natureza, é necessária uma equipe de manutenção permanente durante todo o inverno. Quanto a isso, o Dnit ainda não se comprometeu, apesar de constar no relatório”, ressaltou o presidente da Fieac.
Próxima visita aos trechos percorridos em setembro?
“O próximo passo é fazer uma nova visita a BR, no mês de chuva mais intensa e realizar novo levantamento. Possivelmente, ela deve ocorre em janeiro ou fevereiro. Para ver se o trabalho que foi feito corresponde aquilo que foi vendido em termos de eficiência e técnico na mídia e vamos fazer novos apontamentos e possíveis soluções. Mas, se caso tudo estiver bem, teremos a segurança de elogiar o trabalho feito independente de quem esteja à frente”, enfatizou José Adriano.
Período de incerteza para
o empresariado local
Esse período em que as chuvas se intensificam em todo o estado, José Adriano afirma que especialmente para este ano para os empresários é uma estação de incerteza para os negócios, especialmente para quem precisa da BR-364.
“No que diz respeito a BR, talvez esse seja o ano mais difícil porque ela é um organismo vivo e precisa de manutenção permanente. E o início da sua execução apresentou problemas, porque o projeto que foi aprovado, o Dnit não aceitava alterações. Por exemplo, estava prevista para ser aplicada uma metodologia, no trecho entre Rio Branco a Sena Madureira e ela vai ter que ir até o final, mas as manchas de sol são diferentes. Então temos vários fatores que precisam ser analisados por trecho”, exemplificou o presidente.
Outro exemplo que José Adriano falou diz respeito a ponte de Tarauacá. “Ela deveria ter sido feito de uma forma que respeitava a natureza e o rio com seu leito em formação causou o assoreamento e causou erosão. Esse tipo de situação ser trata na causa do evento e não nos efeitos”, afirmou.
O presidente ressalta que se já tivesse sido feito o investimento em concreto armado em um trecho da rodovia ele já teria saído mais barato pelo custo benefício ao longo dos anos do que as manutenções que já foram feitas.
“Mas, não dá negar que os custos com a BR são altos”, concluiu José Adriano.