Quem sofreu os horrores da ditadura militar, assistiu ou se informou não pode, de modo algum, ficar indiferente à implacável e odiosa perseguição ao ex-presidente Lula que, após ser condenado sem provas, agora teve seu passaporte retido por um juiz qualquer de Brasília, impedindo-o de viajar para uma conferência na Etiópia.
Como se divulgou, o ex-presidente seria um dos palestrantes sobre um tema que o fez conhecido no mundo inteiro, como combater a fome através de programas de inclusão social que tirou cerca de 40 milhões de brasileiros da linha de extrema pobreza e miséria.
O mais revoltante é que os próprios desembargadores que ratificaram sua condenação em Porto Alegre não haviam feito qualquer objeção à viagem, mas um juiz de Brasília, atendendo a um recurso do Ministério Público Federal, ordenou o recolhimento do passaporte em outro processo que nada tem a ver com o primeiro.
Ou seja, de uma condenação sem provas, cassaram agora o direito do ex-presidente de ir e vir, um dos direitos fundamentais garantidos pelo Estado Democrático de Direito e pela Constituição do país. O próximo passo, com certeza, será sua prisão.
Evidentemente que a sociedade civil organizada não pode aceitar tamanha injustiça e precisa reagir. Hoje, é um ex-presidente vítima do arbítrio, amanhã poderá ser qualquer cidadão e uma nova ditadura estará sendo instalada.