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A Justiça em julgamento

Independentemente do resultado da votação do habeas do ex-presidente Lula hoje pelo Supremo Tribunal (STF), todas as previsões indicam que a crise institucional poderá se agravar, com consequências imprevisíveis.
De pouco ou nada valem as placitudes feitas pela presidente daquela Corte, ministra Carmen Lúcia, pedindo calma e tolerância, se o próprio Supremo foi, em parte, responsável pela crise, referendando ou se omitindo no processo do impeachment da ex-presidente, onde tudo começou com o golpe parlamentar.
Aliás, a própria ministra afirmava ontem que “a Justiça vive o seu momento mais difícil e mais turbulento”, a começar pela Corte que ela preside, onde ministros se acusam e só faltou se engalfinharem, como se assistiu há poucos dias.
Sobre as consequências do julgamento, o ministro Gilmar Mendes declarou que uma possível “prisão de Lula mancha a imagem do Brasil”. E acrescentou outra consequência: “Ter um candidato que lidera as pesquisas é fator mais do grave e pode desencadear a violência”, como, aliás, já ocorreu na semana passada no Paraná com tiros nos ônibus que transportavam seus correligionários.
Na verdade, não é o ex-presidente que estará sendo julgado hoje. É a própria Justiça, porque os ministros do Supremo sabem quem o condenou e que as supostas provas apresentadas não resistem a um exame e julgamento isentos, porque foram construídas e urdidas por “convicção” politico-ideológica de um grupo de procuradores da República e delegados da Polícia Federal.

Fabiano Azevedo: